Economia

Fusion Fuel inicia em Évora projeto pioneiro de hidrogénio verde para a rede elétrica

Fusion Fuel produz hidrogénio em Évora a partir da energia solar, para injetar eletricidade na rede a qualquer hora.
Fusion Fuel produz hidrogénio em Évora a partir da energia solar, para injetar eletricidade na rede a qualquer hora.
D.R.

A Fusion Fuel acaba de ligar à rede elétrica portuguesa o projeto H2Évora, no qual usa uma pilha de combustível, alimentada com hidrogénio verde, para injetar eletricidade na rede durante os picos de consumo

Fusion Fuel inicia em Évora projeto pioneiro de hidrogénio verde para a rede elétrica

Miguel Prado

Editor de Economia

A empresa portuguesa Fusion Fuel, cotada no índice norte-americano Nasdaq, já ligou à rede elétrica portuguesa o seu projeto de demonstração H2Évora, uma instalação que permite injetar na rede eletricidade obtida a partir de hidrogénio verde, num projeto pioneiro de armazenamento de energia e flexibilidade de produção.

Este projeto recorre a 15 dispositivos Hevo-Solar, fabricados em Portugal pela Fusion Fuel. Trata-se de eletrolisadores acoplados a painéis solares de concentração (com uma capacidade de geração superior à dos convencionais módulos fotovoltaicos), que produzem hidrogénio verde.

Esse hidrogénio verde passa depois para uma pilha de combustível, desenvolvida pela Ballard Power Systems, que armazena o hidrogénio, e depois o converte em eletricidade para injetar na rede elétrica quando necessário.

Embora seja um processo energeticamente ineficiente (usar eletricidade renovável para produzir hidrogénio para voltar a gerar eletricidade), esta solução pode vir a funcionar como uma alternativa de armazenamento de energia e flexibilidade para a rede elétrica, funcionando em complemento com outras soluções de armazenamento de curta duração, como as baterias de lítio.

Segundo a Fusion Fuel, o H2Évora produzirá 15 toneladas de hidrogénio verde por ano. A pilha de combustível usada no projeto de demonstração tem 200 kilowatts (kW), pelo que os volumes que serão injetados na rede elétrica serão ainda residuais.

O principal interesse deste tipo de solução, nota a Fusion Fuel, é aproveitar o H2Évora para vender eletricidade à rede nos períodos de pico de consumo (que tendem a coincidir com preços grossistas de eletricidade mais altos).

“Estamos entusiasmados por finalmente podermos ligar o nosso projeto H2Évora, a primeira unidade totalmente integrada de energia solar e hidrogénio verde. Embora esta unidade modesta tenha de facto sido ultrapassada por alguns dos projetos de larga escala que temos em desenvolvimento, o seu valor não pode ser negligenciado. Podemos agora perspetivar que o H2Évora irá fornecer eletricidade livre de emissões à rede durante muitos anos, numa demonstração da flexibilidade do hidrogénio verde e da nossa solução Hevo-Solar”, declarou, em comunicado, Frederico Figueira de Chaves, administrador financeiro da Fusion Fuel.

No mesmo comunicado, o secretário de Estado do Ambiente e da Energia, João Galamba, sublinha que “Portugal ambiciona estar na liderança dos projetos de hidrogénio verde, contando com a Fusion Fuel para ajudar a atingir este objetivo”.

A Fusion Fuel tem vários outros projetos de hidrogénio verde em desenvolvimento em Portugal, sendo um dos principais em Sines.

A solução de produção de hidrogénio verde para alimentar o setor elétrico também está a ser testada por outros grupos, como é o caso da EDP, que tem em curso um projeto-piloto para produzir hidrogénio verde na central de ciclo combinado do Ribatejo, incorporando-o em pequenas percentagens no gás natural que aí é queimado para produzir eletricidade.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt

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