Se na semana passada, na Web Summit, o metaverso parecia ser já uma realidade do presente - pelo menos para aquele pequeno mundo tecnológico -, a verdade é que ainda não o é para todos, nomeadamente para o setor do retalho.
A maior parte dos intervenientes na conferência “Omnicanalidade, novas plataformas de comunicação e social selling” do Congresso inRetail, do setor do retalho, deixou para o futuro a entrada no metaverso. Mas não todas.
Filipa Herédia, responsável de comunicação da Makro, disse que, para a sua empresa, o metaverso “está lá muito à frente”, pois existem outras prioridades, “nomeadamente o crescimento no online ou a digitalização da própria cadeia logística”, uma vez que ainda há etapas, em toda a cadeia, onde esta digitalização falha.
Do lado da Mr. Blue, Ricardo Ferro da Cunha, gestor, disse que “enquanto [o metaverso] não estiver massificado será muito difícil pensar nisso”. Segundo o próprio, mais depressa implementaria na marca pagamentos com criptomoedas, do que entraria no metaverso.
Também para a Primark o metaverso “está bastante longe”, disse Nelson Ribeiro, responsável de vendas e membro do Conselho de Administração da Primark Portugal. A retalhista de roupa tem a particularidade, face às marcas que estiveram presentes no painel, de nem sequer ter a possibilidade de fazer compras online. O primeiro ensaio será realizado este ano, no Reino Unido, através da modalidade click & collect (comprar online e levantar em loja) pois apesar de quererem entrar no mundo do comércio eletrónico, “o objetivo é levar as pessoas à loja, pois vai ser sempre muito importante”.
Contudo, “há que estar atento” pois já há marcas que estão presentes nesse mundo, como a Nike, notou o responsável. Têm de estar atentos não só pela concorrência, mas também porque a Primark vende licenças de vários jogos que se encontram nesse mundo, como Roblox ou Fortnite, e essas licenças “têm grande impacto nas vendas”.
A Nike não é a única que já entrou no metaverso. A marca portuguesa de decoração Gato Preto também já.
“Lançámos este ano uma coleção de NFT. É uma coleção de gatos e decidimos aventurar-nos. É interessante poder participar neste processo e não o vejo como uma realidade assim tão distante”, afirmou Carolina Afonso, presidente executiva da marca.
De acordo com a responsável, as gerações mais novas vão cada vez mais comprar em cenários de jogos (para o próprio jogo ou para entregar depois em casa). “Isto vai ser algo muito natural”, concluiu.
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