Economia

Presidente executivo da EDP: "Não precisamos de subsídios, mas sim de uma regulação estável"

Miguel Stilwell de Andrade, CEO da EDP.
Miguel Stilwell de Andrade, CEO da EDP.
Nuno Botelho

Na Web Summit, o CEO da EDP, Miguel Stilwell de Andrade, defendeu que o mundo devia estar a investir “o dobro ou o triplo” na transição energética. E falou da crise do gás, com 2023 a ser ainda um “grande ponto de interrogação”

O presidente executivo da EDP, Miguel Stilwell de Andrade, alertou esta sexta-feira na Web Summit que globalmente o planeta está a investir menos do que o necessário na transição energética. “Devíamos estar a investir o dobro ou o triplo do que estamos a investir. Estamos a investir pouco em renováveis”, declarou o gestor, assegurando que as energias limpas já têm custos competitivos, mas necessitam de previsibilidade regulatória.

Miguel Stilwell de Andrade sublinhou que as centrais solares e eólicas são viáveis e competitivas com preços de venda da eletricidade da ordem de 40 a 50 euros por megawatt hora (MWh), muito inferiores aos preços grossistas atuais na Europa. “Não precisamos de subsídios, mas sim de uma regulação estável e previsível”, defendeu o CEO da EDP.

Na sua intervenção no último dia da Web Summit, em Lisboa, o gestor repetiu uma mensagem que tem sido um mantra dos gestores do setor energético ao longo dos últimos anos. “O que não podemos ter é uma mudança das regras do jogo”, afirmou.

Questionado pelos jornalistas após essa intervenção sobre o quadro regulatório em Portugal, em particular as novas regras aprovadas pelo Governo para facilitar o licenciamento e entrada em operação de novas centrais solares, Miguel Stilwell de Andrade deu uma nota positiva.

“É sempre positivo ter um esforço de simplifcação das regras. Acreditamos que vai facilitar. Mas dependerá da execução efetiva dos projetos”, comentou.

Situação distinta é a vivida pela EDP Renováveis na Roménia e Polónia, que Miguel Stilwell de Andrade classificou como “bons exemplos de uma má implementação regulatória”. Nestes mercados a empresa arrisca ser alvo de uma taxação extra na sua produção de energia limpa, mas o gestor indicou que o grupo está ainda a ver se será possível uma reversão das decisões das autoridades locais.

Investir em baterias? Talvez

Na conferência em que participou na Web Summit, Miguel Stilwell de Andrade sublinhou que o armazenamento com baterias é um negócio que está a avançar a bom ritmo nos Estados Unidos da América, mas na Europa nem por isso.

Aos jornalistas, Stilwell admitiu que a EDP ainda não tem projetos concretos para a instalação de parques de baterias nas suas centrais solares e eólicas em Portugal, porque “ainda não são economicamente interessantes”, embora exista no país “potencial” para investir futuramente nesse tipo de armazenamento.

“O tema das baterias e do armazenamento é fundamental para a transição energética”, reconheceu o CEO da EDP.

Gás natural: 2023 é “um ponto de interrogação”

Na Web Summit, Miguel Stilwell de Andrade também abordou a crise energética europeia. Se no curto prazo “os níveis de armazenamento [de gás natural] estão quase no máximo”, a principal preocupação é o ano que vem.

“Deveremos conseguir passar este inverno sem problemas de maior. A questão principal é 2023. Ninguém tem uma bola de cristal. Creio que 2022 não é uma grande preocupação, mas 2023 é um grande ponto de interrogação”, notou o presidente executivo da EDP.

Preços de eletricidade para janeiro ainda são tema “prematuro”

Questionado pela comunicação social sobre como serão as atualizações de tarifários da EDP Comercial para 2023 (depois de o regulador da energia ter proposto uma subida das tarifas reguladas de 1,1%), o líder da EDP disse que “ainda é prematuro falar sobre isso”.

Miguel Stilwell de Andrade indicou que a empresa deverá comunicar aos seus clientes a atualização de preços em dezembro (tem de o fazer um mês antes da entrada em vigor de alterações contratuais). Mas para já a EDP não tem ainda “visibilidade” suficiente sobre os preços de energia para 2023, argumentou o gestor.

Ainda assim, o mesmo responsável notou que “Portugal tem conseguido manter preços estáveis, sobretudo devido à aposta nas renováveis, comparando com outros países europeus, com aumentos de preços da ordem dos dois dígitos”.

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