Economia

Pfizer, Toyota, Volkswagen: grandes anunciantes suspendem campanhas no Twitter e Elon Musk tenta meter água na fervura

Grandes marcas estão preocupadas com o comportamento "errático" de Musk
Grandes marcas estão preocupadas com o comportamento "errático" de Musk
Anadolu Agency

Grandes marcas começaram a repensar a estratégia publicitária na rede social desde que Elon Musk assumiu a liderança da plataforma. Empresas e grupos da sociedade civil temem que a sua imagem fique associada a discurso de ódio ou desinformação que passem a ser permitidos no Twitter

Elon Musk disse ter detetado uma quebra “maciça” nas receitas do Twitter, apesar de “nada” ter mudado no que diz respeito à “moderação de conteúdo”. De acordo com o empresário, um grande número de anunciantes suspenderam o investimento na plataforma depois de o empresário a ter comprado por 44 mil milhões dólares (cerca de 43,6 mil milhões de euros).

“O Twitter teve uma queda enorme nas receitas, porque grupos ativistas pressionaram os anunciantes, ainda que nada tenha mudado quanto à moderação de conteúdo - fizemos tudo o que pudemos para sossegar os ativistas”, escreveu Musk, na rede social adquirida. ”Extremamente confuso! Estão a tentar destruir a liberdade de expressão na América."

De acordo com a CNN, várias marcas, como a General Mills (que detém várias marcas de gelados, cereais e bolachas) e o Grupo Volkswagen, suspenderam a publicidade na rede social. Algumas organizações pediram também aos anunciantes que suspendam todos os gastos que têm com a rede social, dada a incerteza associada à nova gestão sob a égide de Musk.

Organizações como a Liga Antidifamação, Free Press e GLAAD (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation) iniciaram uma campanha de pressão para que mais marcas repensem a publicidade que mantêm no Twitter. Em causa estão os despedimentos coletivos de até metade dos funcionários da plataforma. Outra razão apontada pelos grupos ativistas pelos direitos humanos é a possível interferência na integridade de processos eleitorais.

Kelsey Roemhildt, porta-voz da General Mills, garantiu à CNN que a empresa suspendeu a publicidade, mas que irá acompanhar os desenvolvimentos a cargo da nova direção do Twitter e reavaliar o investimento em marketing. Já o Grupo Volkswagen, dono da Audi, Porsche e Bentley, confirmou que recomendou que as suas marcas “parassem as atividades pagas na plataforma”.

A Pfizer, a Mondalez (multinacional do ramo alimentar) e a General Motors também optaram por cancelar os anúncios no Twitter, adiantou o “Wall Street Journal”. A Toyota, concorrente da Tesla (outra empresa do império de Elon Musk), admtiu à CNN estar “em conversações com as principais partes interessadas e a monitorizar a situação” no Twitter.

Os anunciantes manifestaram preocupação quanto à possibilidade de Musk alterar a plataforma, que tem também uma influência política significativa. As marcas temem que os seus anúncios sejam divulgados ao lado de conteúdos como discurso de ódio, pornografia ou desinformação. Elon Musk reconheceu que estaria a considerar as políticas de moderação de discurso da rede social e reverter as proibições de figuras como Donald Trump.

Referência na compra de anúncios, o Interpublic Group, que trabalha com marcas como a Unilever a e Coca-Cola, recomendou aos clientes que cessassem a publicidade na plataforma.

Elon Musk, por outro lado, já disse não apreciar publicidade - que perfaz 90% da faturação do Twitter -, preferindo aumentar as receitas através das assinaturas. O empresário manifestou intenção de passar a cobrar 8€/mês pela manutenção de contas verificadas na plataforma. Ainda assim, para conter a fuga massiva de anunciantes, o novo acionista maioritário do “passarinho azul” reuniu-se com o departamento de marketing e publicidade, em Nova Iorque, bem como com líderes de organizações da sociedade civil, para dar resposta às preocupações quanto ao possível aumento do discurso de ódio.

Depois da reunião, representantes daqueles grupos denunciaram que o novo proprietário do Twitter demonstrou um comportamento “errático” que “trai” os compromissos que assumiu à porta fechada.

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