Economia

Lucro do BPI até setembro cresce 18% para 286 milhões de euros

Lucro do BPI até setembro cresce 18% para 286 milhões de euros
José Fernandes

Nos primeiros nove meses do ano o BPI lucrou 286 milhões de euros, para os quais Portugal contribuiu com 159 milhões. Na apresentação das contas o BPI garantiu já estar a trabalhar para cumprir as novas regras do crédito à habitação

O BPI obteve lucros de 159 milhões de euros em Portugal nos primeiros nove meses do ano, ou seja mais 25% face a igual período de 2021. Globalmente, o banco fechou o período de janeiro a setembro com um resultado líquido de 286 milhões de euros, mais 18% do que no ano anterior.

Do banco em Angola do qual o BPI tem 48% chegaram lucros de 102 milhões de euros, mais 2% por comparação aos primeiros nove meses de 2021. Já no banco em Moçambique, o BCI, que tem também a CGD como acionista, os lucros ascenderam a 25 milhões, o que representou um crescimento de 70%.

Para a subida dos lucros da atividade em Portugal contribuiu o aumento de 9% do produto bancário, para 614 milhões de euros, com a margem financeira a crescer 10% para 374 milhões de euros. Este comportamento foi suportado sobretudo, segundo o presidente do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, pelo crescimento do volume de crédito e em parte a refletir já a subida das taxas de juro no mercado.

O presidente do BPI afirmou, em conferência de imprensa, que a rentabilidade dos capitais próprios (ROE) melhorou para 7,3%, mas sublinhou que ainda se situa abaixo do custo do capital.

As comissões registaram uma subida de 7%, para 219 milhões de euros, para o que contou em particular o crescimento das operações de crédito, das comissões associadas a contas de intermediação de seguros, venda de fundos de investimento e seguros de capitalização.

Sobre a venda dos 48% do banco em Angola, João Oliveira e Costa afirmou: “mantemos contacto com as autoridades angolanas e estamos tranquilos. Não há novidade nenhuma”.

O BPI não precisa, referiu o gestor, de ir ao mercado até 2024 para se capitalizar, cumprindo já as exigências de capital determinadas pelos supervisores.

Os rácios de capital são confortáveis, o rácio de capital total está nos 17,1% e o CET1 nos 13,5%.

“Vamos cumprir novas regras do crédito”

A concessão de crédito no BPI cresceu 7% nos primeiros nove meses do ano, para 28,9 mil milhões de euros. O destaque vai para o crédito à habitação, d quase metade do total, 14 mil milhões de euros, é financiamento para habitação, cujo aumento foi de 10%.

No que diz respeito à legislação aprovada quinta-feira pelo Governo para o crédito à habitação, João Pedro Oliveira e Costa, afirmou que o BPI “já está a trabalhar nesse sentido”, ou seja no raio-X que o Governo quer que se faça, relativamente à taxa de esforço de 36%.

“Estamos a viver momentos bastante complicados e estamos atentos à sequência dos acontecimentos. Vamos cumprir a lei e fazer o trabalho de casa, como fizemos no tempo da covid-19”, declarou.

O mesmo responsável disse que o alcance do novo diploma é mais abrangente e “aumenta claramente a responsabilidade dos bancos”. Considerou suficientes as medidas anunciadas, já que “é importante não gastar os cartuchos todos de uma vez”.

João Pedro Oliveira e Costa referiu ainda que o banco “não vai suspender a oferta de taxa fixa que tem para o crédito à habitação”. Desde 2018 que o banco tem esta oferta e assim vai continuar. Os contratos a taxa fixa mantêm-se com taxa fixa até ao fim.

O crédito concedido a empresas cresceu 4%, para 10,9 mil milhões de euros.

No que diz respeito ao crescimento do crédito concedido a empresas, o administrador Pedro Barreto afirmou, em resposta ao Expresso, que “já se sente a contração do crédito desde o verão, o que é normal”.

O gestor sublinhou que as empresas “estão bem, deram um salto qualitativo”, e não se antevê um aumento de incumprimento. Contudo, ressalvou que tudo irá “depender da duração da crise, a continuação dos custos de energia, entre outros”.

Ajustamento da subida de juro nos depósitos vai demorar

Os recursos de clientes subiram 2%, para 40,2 mil milhões de euros, mas a grande fatia está alocada aos depósitos, 30,4 mil milhões de euros. Nos primeiros nove meses do ano os depósitos cresceram 8%. Já os ativos sob gestão caíram 8%, em particular devido ao decréscimo dos fundos de investimento, que rondou os 11%.

Segundo o presidente executivo do BPI, “tem havido uma procura por mais segurança e por isso [se verificou] o aumento dos depósitos”.

Quanto à subida das taxas de juro nos depósitos, o líder do BPI referiu que o ajustamento das taxas nos depósitos é desfasado do aumento das taxas no crédito.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: IVicente@expresso.impresa.pt

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