Economia

Cimeira Ibérica: Portugal e Espanha querem desenvolver estratégia comum de semicondutores

Cimeira Ibérica: Portugal e Espanha querem desenvolver estratégia comum de semicondutores
STEPHANIE LECOCQ/EPA

Portugal e Espanha assinam esta sexta-feira um memorando de entendimento para desenvolver uma estratégia de microeletrónica e semicondutores, anunciou a ministra da Ciência

Portugal e Espanha vão assinar esta sexta-feira, 4 de novembro, um memorando de entendimento para desenvolver uma estratégia de microeletrónica e semicondutores, numa altura em que a Europa que visa reduzir a dependência da Ásia neste setor, anunciou a ministra da Ciência.

Este memorando de entendimento será assinado na 33.ª cimeira luso-espanhola, que tem como tema principal a inovação, e que decorre esta sexta-feira em Viana do Castelo.

Em declarações à agência Lusa, a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, salientou que a maior fatia do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) espanhol é dedicada à indústria dos semicondutores - cerca de 12.250 milhões de euros -, querendo Portugal colaborar com o país nessa área.

Elvira Fortunato destacou a importância deste setor para a Europa numa altura em que "a indústria dos semicondutores e da microeletrónica está toda sediada na Ásia".

"Se, como a Rússia fechou a torneira da energia, a Ásia fechar a torneira dos microchips, o mundo para. Então, neste momento, a Europa está a investir muito nesta área, exatamente para, dentro da Europa, não dependermos tanto do resto do mundo", sublinhou.

Nesse sentido, o Governo português e espanhol irão comprometer-se a lançar uma "iniciativa de apoio ao desenvolvimento de novos semicondutores para aplicações emergentes, como seja o caso dos veículos elétricos com ligações ao 5G", segundo um resumo do memorando de entendimento a que a Lusa teve acesso.

Os dois executivos procurarão também "incrementar os projetos colaborativos com centros de competências nas diversas áreas de semicondutores" e promover intercâmbios de curta duração - como o programa Erasmus+ - em estudos na área da microeletrónica.

Além deste documento sobre semicondutores, Portugal e Espanha irão também assinar outros dois memorandos de entendimento no domínio da ciência: um relativo ao espaço, e outro à energia.

No que se refere ao espaço, será lançado um projeto intitulado "Constelação Atlântica", que visa colocar em órbita entre 12 e 16 satélites - seis a oito para cada país - para "fornecer dados de observação da Terra" e ajudar a "enfrentar os desafios das alterações climáticas".

Na prática, a constelação de satélites, interoperável, tem como objetivo ajudar na gestão dos territórios, designadamente no domínio dos incêndios florestais, dos recursos hídricos e das zonas costeiras, assegurando uma "elevada frequência de revisão do território de ambos os Estados"

No âmbito da energia, os dois Governos vão anunciar a criação de um centro ibérico de investigação e armazenamento de energia, que ficará sediado em Cáceres, e cujas obras já estão em curso.

O projeto terá um investimento inicial de 74 milhões de euros - totalmente financiado por Espanha, assegurando Portugal 50% dos custos de manutenção -, e prevê-se que crie 150 postos de trabalho para investigadores, técnicos e administradores.

Segundo Elvira Fortunato, o centro terá essencialmente a ver "com a investigação nos novos materiais e produção de outros tipos de energia, nomeadamente o hidrogénio verde".

A ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior defendeu que os três memorandos de entendimento que vão ser hoje assinados visam assegurar que Portugal e Espanha trabalham em "áreas que são estratégicas".

"Face à situação que vivemos, Portugal e Espanha estão geopoliticamente bem situados, e [o objetivo] é olhar para estes problemas como desafios e como oportunidades", disse.

A 33.ª cimeira luso-espanhola decorre hoje em Viana do Castelo e tem como tema principal a inovação.

O encontro - que envolve uma comitiva de 18 ministros dos dois governos - vai ser precedida por uma visita dos dois primeiros-ministros ao Laboratório Ibérica de Nanotecnologia de Braga.

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