Economia

Galp acredita que imposto sobre ganhos inesperados incidirá só sobre a refinação

Andy Brown, CEO da Galp Energia.
Andy Brown, CEO da Galp Energia.
Jiri Buller

O presidente executivo da Galp, Andy Brown, reiterou esta quinta-feira na Web Summit que a petrolífera não tem lucros excessivos. E disse acreditar que o Governo português entende os argumentos da empresa

O presidente executivo da Galp, Andy Brown, afirmou esta quinta-feira que o imposto sobre lucros inesperados que o Governo português irá implementar “provavelmente incidirá só sobre a Petrogal”, ou seja, o negócio de refinação do grupo em Portugal.

Se assim for, o imposto especial deixará de fora os ganhos provenientes de áreas como a exploração e produção de petróleo, que a Galp opera fora de Portugal (essencialmente no Brasil, onde paga impostos sobre a produção), e que alimenta a maior parte dos resultados do grupo.

Durante a Web Summit, onde foi orador convidado para falar sobre inovação e transição energética, Andy Brown adiantou aos jornalistas que espera que ainda no corrente mês de novembro o Governo defina as regras concretas de cobrança do imposto.

Mas o gestor da Galp acredita que o Governo está ciente dos argumentos apresentados pela petrolífera sobre a sua rentabilidade. “Não temos lucros excessivos. Temos um retorno sobre o capital de cerca de 10%”, declarou Andy Brown na Web Summit.

“Eles [o Governo] entendem a nossa posição e percebem que a Galp não beneficiou [desta crise] como as outras [petrolíferas]”, sublinhou o presidente executivo da empresa.

“Os preços do gás vão subir novamente”

Nas declarações à imprensa após a sua intervenção na Web Summit, Andy Brown disse ainda que não sabe se haverá mais cancelamentos de entregas de gás natural da Nigéria.

A Galp recebe habitualmente em Sines três navios por mês provenientes daquele mercado. Um dos navios previstos para o final de outubro, contudo, não chegou, e Andy Brown não sabe se o fornecedor, a Nigeria LNG, compensará essa falha.

Quanto a novembro e dezembro, o presidente executivo da Galp indicou não ter quaisquer informações sobre se haverá falhas nas entregas de gás da Nigéria.

A falha de final de outubro foi compensada pela Galp com a compra de gás natural no mercado ibérico, com um custo que acabou por ficar abaixo da estimativa inicial da Galp de 40 milhões de euros.

No entanto, Andy Brown alertou que as futuras substituições de cargas de gás nigeriano que sejam necessárias já poderão sair mais caras. “Os preços vão subir novamente”, declarou o gestor, notando que os baixos preços do gás têm beneficiado do facto de a Europa ter grande parte do armazenamento cheio, além de temperaturas relativamente amenas.

Com o arrefecimento no inverno, gerando uma maior procura de gás, as cotações deverão voltar a subir, antecipa Andy Brown.

Na sua intervenção na Web Summit, o gestor declarou ainda que espera que os próximos anos sejam “uma década de transição”. “As empresas petrolíferas terão de fazer a transição [para soluções de baixo carbono] na próxima década”, comentou Andy Brown, lembrando que a descarbonização não será feita apenas com a eletrificação de base renovável, mas também com biocombustíveis, investimentos em captura e armazenamento de carbono, entre outras soluções.

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