Economia

Sindicato dos tripulantes crítica a forma como TAP gere questão das ausências por licença de parentalidade e fala em "condicionamento"

Sindicato dos tripulantes crítica a forma como TAP gere questão das ausências por licença de parentalidade e fala em "condicionamento"
Rafael Marchante

Em vésperas de uma Assembleia Geral em que a possibilidade de os tripulantes avançarem para uma greve é um dos pontos em discussão, SNPVAC lamenta que a administração da TAP dê sinais de que não está preocupada com a paz social na empresa

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voos da Aviação Civil (SNPVAC) questiona a forma como a TAP está a usar a questão das licenças de parentalidade. E defende que é uma forma de criar pressão sobre os tripulantes de cabine, que irão reunir-se no dia 3 de novembro, numa Assembleia Geral que tem na agenda discutir a proposta de acordo de empresa feita pela administração da companhia, que o SNPAV considera "ultrajante" e desrespeitadora, e que tem ainda em cima da mesa uma ameaça de greve.

A reação do SNPVAC surge na sequência de uma notícia do Jornal de Negócios, segundo a qual haverá em média, por dia, 110 tripulantes de cabine e 40 pilotos com licenças de parentalidade, entre os dias 15 de dezembro deste ano e 15 de janeiro de 2023. Um número que ainda poderá crescer, e que está a gerar preocupação junto da TAP.

O Expresso questionou a transportadora sobre o número de licenças, previstas para o período de Natal e o princípio de ano, e a sua evolução face aos anos anteriores, e que impacto poderão ter este nível de absentismo na operação, mas até ao momento ainda não obteve resposta.

Ricardo Penarroias, presidente do SNPVAC, considera que tornar públicos os números das ausências por licença de parentalidade dos tripulantes em véspera da AG "é uma tentativa de condicionamento da reunião", e "um sinal de que a TAP não tem vontade de que haja paz social" na empresa. "Parece-nos pouco sensato", acrescentou.

O representante sindical lembra que em 2020, a TAP criou a ideia de que "os tripulantes estavam a usar de forma abusiva as licenças de parentalidade, nomeadamente as de amamentação". "É uma tentativa de atropelo à lei", considera Ricardo Penarroias.

Desconhecedor dos números das ausências por licenças de parentalidade, o SNPVAC considera que a preocupação da TAP é demonstrativo de que as contas que a empresa fez para rescindir contratos e despedir, no âmbito do plano de reestruturação, foram mal feitas. "Valeu a pena fazer despedimentos para agora os tripulantes estarem ser reintegrados por que ganharam processos contra a empresa em Tribunal?", pergunta Ricardo Penarroias. Atualmente, o número de tripulantes de cabine ascende a 2.767, adianta.

"Sentimo-nos diariamente desrespeitados. E a pressão financeira sobre os tripulantes é muito grande, e aumentou muito com a subida de inflação", sublinhou, não querendo antecipar o resultado da votação na AG, sobretudo face à hipótese de greve. "Vamos ouvir o que os associados têm para dizer", afirmou.

O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil afirmou na segunda-feira que espera que a TAP não esteja a preparar-se para atribuir a responsabilidade aos pilotos, e ao seu legítimo direito a tirar licença de parentalidade, pelo cancelamento de mais de 400 de voos nos dois últimos meses do ano.

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