Economia

Portugueses procuram menos crédito para a casa, bancos também não facilitam e aumentam rejeições

Portugueses procuram menos crédito para a casa, bancos também não facilitam e aumentam rejeições
Nuno Fox

As empresas já estão a pagar créditos mais caros, reflexo das maiores restrições dos bancos quando dão empréstimos. Particulares também já sofrem

Não é uma grande surpresa, tendo em conta a subida de juros que se tem sentido, mas agora é o Banco de Portugal que o refere: os bancos nacionais acreditam que os portugueses vão procurar menos crédito para a compra de casa. Mas, além disso, os próprios bancos já andam menos dispostos a dar empréstimos à habitação, tendo aumentado, inclusive, a proporção dos pedidos rejeitados.

A história é relatada no habitual Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito, publicado pelo Banco de Portugal esta terça-feira, 25 de outubro, e que diz respeito ao que se passou no terceiro trimestre (de julho a setembro) e o que se antecipa que para o quarto trimestre (outubro a dezembro).

No caso dos clientes particulares, os bancos registam critérios “ligeiramente mais restritivos no crédito à habitação”, embora sem alterações no crédito ao consumo – e esperam que haja critérios de concessão “ligeiramente mais restritivos para particulares” nos últimos meses do ano. O Banco Central Europeu está a mexer nos juros (há reunião até esta semana em que pode voltar a subi-los), e a sua concretização e as expetativas existentes contribuem para mexer nas Euribor, o que tem tornado os créditos mais caros, dificultando o acesso.

A procura de empréstimos pelos particulares já tem diminuído ligeiramente, com os bancos a apontarem várias razões: “A confiança dos consumidores, as perspetivas para o mercado da habitação e, em menor grau, o nível geral das taxas de juro contribuíram ligeiramente para reduzir a procura de crédito à habitação”.

Aliás, os bancos esperam que haja critérios de concessão “ligeiramente mais restritivos para particulares” nos últimos meses do ano.

Como resultado de tudo isto, aumentou já a proporção dos pedidos de créditos que são rejeitados por parte dos bancos.

Não é muito distante daquilo que foi esta terça-feira divulgado pelo BCE, neste caso relativamente a toda a área sob a sua supervisão, em que há aperto de condições na concessão de crédito e na procura pelas famílias para a compra de casa – também devido às taxas de juro e à quebra na confiança.

A situação dos juros tem trazido preocupação para as famílias, o que catapultou o tema das prestações para o debate político.

O Governo está a preparar um diploma em que obrigará os bancos a renegociar os créditos já concedidos se a taxa de esforço (peso das prestações no rendimento) superar a fasquia dos 40%, mas esse é um impacto apenas para os empréstimos já em vigor, não mexendo naqueles que estão agora a ser concedidos.

Créditos mais caros para empresas

A nível de empresas, o inquérito publicado pela autoridade bancária revela igualmente maior restritividade na concessão de crédito (sobretudo a longo prazo a PME), mas também custos mais elevados.

No crédito a empresas, diz o relatório, há um “ligeiro aumento do spread aplicado nos empréstimos de maior risco e condições ligeiramente mais restritivas no que respeita a garantias exigidas, montante e maturidade do empréstimo”.

As PME estão já a verificar um agravamento da proporção dos pedidos de empréstimos que são recusados pelo banco.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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