Economia

França insiste em mecanismo da UE para reduzir preços da energia

França insiste em mecanismo da UE para reduzir preços da energia
Justin Sullivan/Getty Images

Ministra francesa da Transição Energética, Agnès Pannier-Runacher, critica as propostas feitas terça-feira pela Comissão Europeia e defende um mecanismo que reduza o preço da eletricidade rapidamente

A França considera insuficientes as propostas da Comissão Europeia (CE) para conter a escalada dos preços do gás e pretende continuar a defender um mecanismo que reduza o preço da eletricidade rapidamente.

"O que a Comissão Europeia está a propor não é suficiente para lidar com o preço do gás e da eletricidade", sublinhou hoje a ministra francesa da Transição Energética, Agnès Pannier-Runacher, que criticou os anúncios de Bruxelas, que está relutante em estabelecer um teto geral para o preço do gás.

Numa entrevista à rádio France Info, Pannier-Runacher anunciou que o Presidente francês, Emmanuel Macron, que participará no Conselho Europeu entre quinta e sexta-feira com o restante dos líderes dos 27, quer "ir mais longe".

A ministra especificou que o objetivo de Macron, apoiado por doze países da UE, é "um mecanismo que reduza o preço da eletricidade rapidamente".

Pannier-Runacher não deu mais detalhes, mas nas últimas semanas tanto a governante como outros membros do Governo francês referiram-se repetidamente à chamada "exceção ibérica", autorizada para Espanha e Portugal, que prevê um limite para o preço do gás utilizado para gerar eletricidade.

“Não vamos deixar a indústria cair porque há um preço da energia muito alto”, disse a ministra.

O Executivo francês também está a trabalhar num dispositivo para proteger as empresas, que não estão cobertas pelo chamado "escudo" de tarifas, que garante aos consumidores particulares e às pequenas e médias empresas (PME) tarifas bem abaixo do preço de mercado.

No entanto, sublinhou que isso, "claro", seria feito sem sair do mercado europeu.

A França não espera ter problemas de abastecimento de gás, como pode ter em outros países da Europa Central mais dependentes da Rússia, mas enfrenta uma situação potencialmente delicada na questão da eletricidade.

O motivo é a paralisação de quase metade dos seus reatores nucleares (26 de 56, segundo as últimas informações oficiais) devido a trabalhos de manutenção e defeitos detetados em vários deles.

A entrada em operação programada de várias destes reatores no inverno, necessário para atender a uma demanda maior de aquecimento, ficou comprometida por uma greve em muitas das centrais, todas geridas pela estatal EDF, que hoje inicia as negociações salariais.

As centrais nucleares normalmente forneciam 70 por cento da eletricidade do país, mas por causa das paralisações agora isso representa apenas 60% e a França está a ter que importar grandes quantidades de eletricidade de países vizinhos, especialmente Alemanha, Espanha, Reino Unido e Bélgica.

Os preços futuros da eletricidade que deve ser consumida no inverno dispararam.

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