A escalada dos preços é uma preocupação transversal a todas as famílias, mas a inflação tem um impacto desigual sobre os vários agregados. Isto porque o peso dos diferentes bens e serviços no cabaz de consumo é diferente e regista-se uma evolução também diferenciada nos preços desses bens e serviços. É este o ponto de partida para uma análise do Banco de Portugal (BdP), incluída no Boletim Económico de outubro. Conclusões? Nos primeiros oito meses de 2022, as estimativas de inflação para os vários grupos de famílias, consoante o seu nível de rendimento, “são bastante próximas”, escreve o BdP. Como resultado, no primeiro semestre deste ano, as maiores reduções do rendimento real ocorreram nas famílias com aumentos menos expressivos do rendimento nominal, e só os agregados mais pobres escaparam à perda de rendimentos em termos reais.
Mas, atenção. As classes de bens e serviços que determinam essa inflação são muito diferentes entre as famílias de menor e de maior rendimento. No caso dos agregados com rendimentos mais baixos pesam, sobretudo, os bens alimentares e os custos com a habitação (onde se inclui a energia). Já para os mais abastados, há um contributo importante da subida dos preços dos restaurantes e hotéis. Como resultado, o mesmo nível de inflação “tem implicações mais severas” para as famílias de menores rendimentos, vinca o BdP.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: slourenco@expresso.impresa.pt