Indústria automóvel europeia revê em baixa as previsões de vendas de carros

Após uma estimativa inicial de crescimento, as construtores automóveis europeias admitem agora uma queda de 26% face a 2019. E espera-se uma contração da procura
Após uma estimativa inicial de crescimento, as construtores automóveis europeias admitem agora uma queda de 26% face a 2019. E espera-se uma contração da procura
A Associação Europeia de Construtores de Automóveis (ACEA) acaba de rever a sua estimativa inicial para 2022 – que apontava para um cenário de crescimento pós-pandemia. Em vez disso, as vendas de carros novos na União Europeia “deverão cair novamente este ano”, cerca de 1% face ao ano anterior, para 9,6 milhões de unidades. Comparado com os números pré-pandemia, de 2019, este cenário representa uma queda de 26% nas vendas de carros.
“Nos oito primeiros meses de 2022, o volume de vendas caiu quase 12% para 6 milhões de carros novos vendidos. Até agora, o mercado conheceu restrições apenas no lado da oferta, pois a escassez de componentes limitou os volumes de produção. No entanto, a procura também pode sofrer nos próximos meses devido à inflação e aos temores de recessão”, concluem os responsáveis de ACEA numa nota de imprensa distribuída esta sexta-feira.
Oliver Zipse, presidente daquela associação – que é também o presidente executivo da BMW – explica que “os últimos anos foram marcados por grandes eventos como o Brexit, a pandemia, as restrições no fornecimento de semicondutores e a guerra na Ucrânia, que tiveram impacto nos preços e na disponibilidade de energia”. E reforça que “todas aquelas variáveis evidenciaram a rapidez, a profundidade e a imprevisibilidade da mudança a que o mundo agora está sujeito. E, isto, acaba por ter consequências ao nível do contexto geopolítico – de onde advêm consequências diretas para a nossa indústria e para as suas cadeias de valor”.
Por isso mesmo a ACEA exige, agora, políticas públicas a nível europeu que permitam que o mercado recupere e que, em simultâneo, faça a mudança para um cenário de emissões zero.
“Para garantir um retorno ao crescimento – com uma parcela ainda maior de vendas de veículos elétricos para que as metas climáticas possam ser cumpridas – precisamos urgentemente das condições adequadas do ponto de vista estrutural”, refere ainda Oliver Zipse.
E conclui dizendo que “isso inclui maior resiliência nas cadeias europeias de abastecimento, uma Lei de Matérias-Primas Críticas da União Europeia que garanta acesso estratégico às matérias-primas necessárias para a mobilidade elétrica e a implantação acelerada da infraestrutura de carregamento [para os veículos elétricos]”.
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