O Banco de Portugal (BdP) reviu em alta o crescimento do PIB português este ano para 6,7%. São mais cinco décimas do que o estimado em junho passado. Refere o Boletim Económico de outubro, divulgado esta quinta-feira, que a economia nacional continua “a beneficiar da recuperação do turismo e do consumo privado”. E que contribuíram decisivamente para esta revisão: o consumo privado deverá crescer 5,5% em vez dos 5,2% previstos anteriormente e a taxa de crescimento das exportações (onde entra o turismo) a passou de 13,4% para 17,9%.
O BdP reviu também em alta as projeções para a taxa de inflação: espera agora 7,8%, bem acima dos 5,9% de junho. O documento explica que a aceleração da inflação reflete “as crescentes pressões externas sobre os preços” bem como “a forte procura dos bens e serviços, cujo consumo foi condicionado na primeira fase da pandemia” que “também contribui para a trajetória ascendente ao longo de 2022”. O banco central espera, no entanto, “uma inflexão no final do ano”. A generalidade das previsões aponta, de resto, para uma diminuição da taxa de inflação na zona euro e em Portugal no próximo ano, embora mantendo-se ainda bem acima dos 2% que são a meta do Banco Central Europeu. Em setembro, a taxa de inflação em Portugal voltou a subir para um valor homólogo de 9,3% e a zona euro está em 10%. No caso do desemprego, o valor deverá ser ligeiramente superio, com uma taxa estimada de 5,8%, duas décimas acima do projetado no início do verão (ver tabela).
Guerra na Ucrânia é o principal risco
O Boletim Económico de outubro apenas apresenta estimativas para o ano em curso. Para 2023, o ano que tem causado muitas preocupações perante o risco de recessão, só haverá novas previsões no boletim de dezembro. O documento refere, no entanto, que “a atividade ao longo do ano é marcada pela recuperação do nível pré-pandemia no primeiro trimestre e por um abrandamento posterior” e avisa que “o enquadramento externo e financeiro tem vindo a deteriorar-se devido aos choques gerados pela invasão da Ucrânia, que resultaram no aumento da inflação e das taxas de juro”. Ainda que os efeitos adversos destes choques tenham “sido atenuados pelo bom desempenho do mercado de trabalho, pela poupança acumulada durante a crise pandémica e pelas medidas de apoio”.
Esta semana, a propósito do Orçamento do Estado para 2023 que será apresentado na próxima semana, António Costa referia que o Governo não está a prever uma recessão no próximo ano embora espere um “crescimento moderado”, acima da zona euro, e uma “desaceleração significativa” da inflação. Em qualquer caso, como aliás sublinha o BdP, “a possibilidade de impactos económicos mais adversos associados à invasão da Ucrânia é a principal fonte de incerteza” no final do ano. O que, naturalmente, se pode estender a 2023. Recentemente, o Banco Central Europeu apresentava um cenário adverso para a zona euro que previa uma recessão no próximo ano precisamente no caso em que houvesse um corte no abastecimento de gás russo.
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