Economia

Conselho das Finanças Públicas aponta seis riscos para as contas do Estado

Conselho das Finanças Públicas aponta seis riscos para as contas do Estado
PATRICIA DE MELO MOREIRA

Num contexto de “elevado grau de incerteza”, o Conselho das Finanças Públicas aponta um conjunto de riscos específicos que incidem sobre o saldo orçamental português

É com um “elevado grau de incerteza” que o Conselho das Finanças (CFP) caracteriza o cenário macroeconómico divulgado esta quinta-feira no âmbito da atualização das “Perspetivas Económicas e Orçamentais 2022-2026”.

Nesse cenário, onde a instituição aponta para um forte crescimento da economia portuguesa este ano, mas um abrandamento também forte em 2023, destaca riscos “predominantemente de natureza externa, e a penderem de forma descendente para o crescimento da atividade económica e ascendente quanto à inflação”.

Em particular, uma “eventual interrupção completa do fornecimento de bens energéticos por parte da Rússia à Europa”, a “manutenção ou reforço das medidas Covid-zero na China”, e a “transmissão da inflação (incluindo bens energéticos e alimentares) à inflação subjacente”.

O CFP alerta ainda que “a materialização de uma inflação mais elevada poderá conduzir a uma normalização mais rápida da política monetária por parte do BCE, agravando as condições de financiamento da economia”.

Acresce que “na execução do PRR não poderá ser descartada a possibilidade de atrasos adicionais aos já anunciados, cujo impacto em termos reais poderá ser agravado, num contexto de aumento nos preços de investimento”.

Quanto ao plano orçamental, a instituição aponta um conjunto de seis riscos. A começar pela eventual necessidade de o Governo apresentar novas medidas de resposta à crise energética e ao aumento dos preços ou prolongar a duração das existentes. Uma hipótese que “não se pode excluir”, alerta o CFP. Até porque a instituição antecipa a manutenção de uma inflação elevada, acima dos 5%, no próximo ano.

Em segundo lugar, “o eventual surgimento de novas variantes do coronavírus poderá implicar um prolongamento do prazo de algumas medidas Covid-19 ou a adoção de medidas adicionais”, escreve o CFP.

A instituição salienta ainda mais quatro riscos adicionais sobre o saldo orçamental. Um deles é a “possibilidade de que, no caso de incumprimento do devedor, as responsabilidades contingentes relacionadas com as linhas de crédito com garantia do Estado se materializarem numa despesa superior à estimada pelo Ministério das Finanças e incorporada na projeção do CFP”.

Outro ponto crítico é “a possibilidade de que o impacto em contas nacionais decorrente do apoio financeiro à TAP possa vir a ser superior ao considerado para 2022 e/ou de poderem vir a ser concedidos apoios adicionais nos próximos anos”.

O CFP elenca ainda “a eventual utilização do montante remanescente de 485 milhões de euros ao abrigo do Acordo de Capitalização Contingente do Novo Banco”.

Por fim, a instituição destaca “as pressões orçamentais sobre a despesa corrente primária nos próximos anos relacionadas com as pensões e com as pretensões dos parceiros privados no âmbito de projetos de Parcerias Público-Privadas”.

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