O presidente executivo (CEO) da Galp Energia, Andy Brown, contestou esta segunda-feira a ideia da Comissão Europeia de lançar um imposto sobre as petrolíferas, procurando desfazer o que disse serem “mitos” sobre os alegados ganhos excessivos da empresa.
“Infelizmente fazemos muito pouco dinheiro em Portugal”, afirmou o gestor durante uma conferência em Lisboa sobre transição energética promovida pela CNN Portugal e PwC. Andy Brown notou que no primeiro semestre a Galp incorreu em perdas de 135 milhões de euros relacionadas com cortes no abastecimento de longo prazo de gás da Nigéria, que a empresa teve de compensar comprando a energia no mercado a preços mais altos.
Admitindo que a Galp acabou por ter bons cash flows no primeiro semestre, Andy Brown sublinhou que o grupo tem 8 mil milhões de euros de capital empregue pelo mundo fora, pelo que os resultados da primeira metade do ano equivalem a um retorno da ordem dos 10%, inferior ao registado noutros negócios. O CEO da Galp referiu ainda que 80% dos cash flows da Galp vêm do negócio de exploração e produção de petróleo, em geografias como o Brasil e Angola.
A ideia de criar um imposto adicional sobre as petrolíferas (a Comissão propõe uma taxa de 33% sobre o lucro de 2022 que exceda em 20% a média de lucro dos três anos anteriores) é liminarmente rejeitada por Andy Brown, que frisou que desde 2005 em termos acumulados a operação de refinação da Galp em Portugal tem um cash flow negativo, que apenas passou a positivo este ano. “Este ano, no primeiro semestre, Sines deu lucro, pela primeira vez”, concedeu o CEO da Galp.
Na mesma conferência, o gestor agradeceu o facto de o Governo português ter reconhecido, na semana passada, que empresas como a Galp já são taxadas em sede de CESE - Contribuição Extraordinária sobre o Setor Energético. “A carga fiscal em Portugal é muito alta”, lamentou Andy Brown.
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