O Presidente francês, Emmanuel Macron, disse esta segunda-feira que não vê provas evidentes da necessidade de um novo gasoduto entre a França e a Espanha, defendendo uma estratégia de compra comum de energia na Europa.
“Precisamos de mais interligação elétrica. Mas não estou convencido de que necessitemos de mais interligação de gás, cujas consequências, em particular no ambiente, e em particular no ecossistema, são mais importantes. (...) Não há prova da sua necessidade", defendeu Macron, durante uma conferência de imprensa, após uma reunião com o chanceler alemão, Olaf Scholz.
Segundo o El País, Macron disse que os dois gasodutos existentes entre Espanha e França não estão a ser utilizados à capacidade total - desde o início da guerra que estão a ser usados a pouco mais de metade. E glosou Charles de Gaulle, o antigo presidente francês que disse, numa frase célebre, que “não basta saltar como um cabrito e gritar ‘Europa! Europa!’ para que esta se faça”:
“Plagiando um dos meus antecessores: não entendo por que saltaríamos como cabritos pirenaicos neste assunto e que isso resolveria o problema do gás. É falso, factualmente falso. Se hoje estivéssemos a 100% da utilização dos nosso gasodutos e houvesse uma necessidade de exportar gás a França, Alemanha e outro lugar, dir-lhes-ia que sim, mas não é assim".
Macron mostrou-se "a favor de práticas de compras comuns de gás" na Europa, dizendo que os países devem comprar "mais barato", além de procurarem limitar o preço do gás russo entregue através de gasodutos.
"Somos a favor de práticas de compra comum de gás (...) Isso permitiria à Europa, comprando em conjunto, comprar mais barato", assegurou o Presidente francês, após uma conversa com Scholz sobre a crise energética na Europa.
“Se a Comissão Europeia decidir colocar um teto no preço do gás comprado através dos gasodutos da Rússia, a França apoiará essa medida”, garantiu Macron, que se apresentou ainda favorável a novos mecanismos de controlo de preço a nível europeu.
"Defendemos um mecanismo de contribuição europeu (...), que seria, portanto, solicitado aos operadores de energia", defendeu o líder francês, no momento em que a Comissão Europeia está a preparar um plano de reforma dos preços da energia.
"Essa contribuição poderá então ser restituída aos países, para financiarem as suas medidas nacionais específicas", argumentou Macron, acrescentando que pretende também "medidas de combate às práticas especulativas".
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