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Grupo Delta Cafés: “O meu avô continua a ter a mesma intervenção. A experiência e o conhecimento que ele tem valem ouro”

Grupo Delta Cafés: “O meu avô continua a ter a mesma intervenção. A experiência e o conhecimento que ele tem valem ouro”
NUNO BOTELHO

Empresário deixou oficialmente, há um ano, a condução dos destinos do grupo, que passou para as mãos do neto Rui Miguel Nabeiro

Aos 91 anos, Rui Nabeiro continua a trabalhar no grupo que fundou há 61 anos em Campo Maior. É por ele que continua a passar a análise das amostras e a compra do café. A sua presença na fábrica de Campo Maior é regular. Mas mesmo quando não está é impossível não dar por ele: os funcionários da fábrica fazem questão de falar dele – e há fotos e referências ao empresário um pouco por todo o lado.

“O meu avô não abdica, está presente, não mudou nada para ele, continua a ter a mesma intervenção diária que é excecional e é algo que gostamos e queremos que se mantenha porque graças a Deus a experiência e o conhecimento que ele tem valem ouro”, diz Rui Miguel Nabeiro, que no ano passado assumiu a presidência executiva do grupo Nabeiro – Delta Cafés, substituindo oficialmente Rui Nabeiro na condução dos destinos do grupo.

“Com o meu pai é a mesma coisa, hoje o meu primo Ivan tem a responsabilidade de toda a área industrial mas o meu pai está todos os dias aqui na fábrica, não deixou o negócio, apesar de ter passado a ser um administrador não executivo, é super executivo, tem o mesmo nível de intervenção, na prática não mudámos muito”, adianta Rui Miguel Nabeiro.

“O meu avô e o meu pai sempre estiveram aqui em Campo Maior, no quartel-general, na 'capital', como eu lhe chamo, continuam a ser muito interventivos e a fazer o seu caminho, isso tem um valor muito grande e só é possível porque é uma empresa familiar, porque não há melindres, porque se o meu avô ou o meu pai vierem cá dar uma ordem eu não vou dizer que não, que agora mando eu, essas coisas não acontecem, há um respeito muito grande”, diz ainda.

É ainda o avô quem compra o café e nestes momentos de tumulto internacional, com problemas logísticos e de fornecedores, nunca faltou café – o armazém de Campo Maior está recheado, como o Expresso comprovou.

“Nós estamos bem cobertos no café porque o meu avô ainda é quem compra o café, temos stocks para mais de seis meses. Mas não é uma prática nova, sempre o tivemos”, afirma. Se pudessem aumentariam os stocks? “Não é necessário, seis meses é muito tempo, basta ver o nosso armazém, está carregado de café”, afirma o gestor.

No âmbito das mudanças na estrutura do grupo foi constituída uma comissão executiva através da qual três dos quatro netos assumem a condução diária dos negócios – Rui Miguel, Ivan e Rita, que tem liderado outra área de grande visibilidade no grupo além do café, o negócio do vinho através da Adega Mayor. Rui Nabeiro assumiu a presidência do conselho de administração e os seus dois filhos João Manuel e Helena passaram a administradores não executivos. António Cachola, ex-diretor financeiro e que entretanto se reformou, é o único elemento externo à família Nabeiro a ter assento na administração.

Está estipulado que a maioria do conselho de administração terá de pertencer à família, mas a comissão executiva não. “Se em algum momento decidirmos que o CEO deve ser alguém meramente profissional, isso está previsto, não previmos que tenha de ser sempre alguém da família”. De igual forma, “se alguma vez precisarmos de dinheiro e tivermos de ir a mercado, à Bolsa ou algo do género, teremos de nos entender, mas não está previsto”. Os investimentos do grupo têm estado a ser feitos através de capitais próprios e endividamento bancário.

“O meu avô teve a preocupação de estruturar e organizar mais o lado familiar da empresa que, apesar de manter o núcleo familiar, é muito profissional”, diz Rui Miguel Nabeiro. Assim sendo a família comprometeu-se a não vender o negócio. Mas mesmo havendo mais tarde alguém a querer vender, terá de dar preferência aos outros acionistas, que são todos da família. Neste momento os dois filhos do empresário têm 16% cada e os quatro netos 8% cada. Os restantes 36% estão nas mãos de Rui Nabeiro.

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