Novo Banco quase duplica lucros para €267 milhões no primeiro semestre

António Ramalho termina seis anos de liderança do Novo Banco com melhores resultados. Venda de imóveis e menores imparidades explicam melhoria do resultado líquido
António Ramalho termina seis anos de liderança do Novo Banco com melhores resultados. Venda de imóveis e menores imparidades explicam melhoria do resultado líquido
Jornalista
O Novo Banco fechou o primeiro semestre com um lucro de 266,7 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 94% em relação aos 137,7 milhões de euros alcançados um ano antes, segundo o comunicado divulgado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Estas são as últimas contas apresentadas pelo presidente executivo, António Ramalho, cujo último dia é esta segunda-feira, 1 de agosto. A partir de amanhã, o presidente executivo é Mark Bourke.
A venda de imóveis de logística rendeu 58,5 milhões de euros ao Novo Banco, o que contribuiu para que o produto bancário da instituição financeira – o conjunto das receitas – tenha subido 17% para 571,5 milhões de euros.
Essa operação de alienação compensou a quebra de resultados obtidos com a margem financeira, que deslizou 7% para 268 milhões. Os juros pagos na emissão de dívida que fez no fim de 2021 explicam esta evolução. Já as comissões bancárias – como em todos os bancos – subiram 6,5%.
Os custos operacionais aumentaram 2,2% para 208,7 milhões, pelo que o resultado operacional – que os compara com o produto bancário – melhorou em 27%. "O investimento na melhoria dos processos operativos e de negócio, necessário para executar com sucesso o programa estratégico", é a explicação do banco para a subida dos custos.
Já os encargos com pessoal deslizaram. "Em 30 de junho de 2022, o Grupo novobanco tinha 4.167 colaboradores (dezembro/21: 4.193; - 26 colaboradores; junho/21 4.470; -303 colaboradores)", indica o comunicado.
A ajudar ainda mais os resultados esteve a rubrica de imparidades e provisões, que “comeu” apenas 19,8 milhões aos resultados, em comparação com os 89,2 milhões nos primeiros seis meses de 2021. Houve menos dinheiro de lado para perdas em créditos e para eventuais contingências.
A rubrica de imparidades era a que mais penalizava os resultados do Novo Banco - e também aquela que mais acabou por contribuir para os pedidos de capitalização do banco ao Fundo de Resolução.
Em relação aos rácios de capital, o Novo Banco tem registado melhorias. Conseguiu que o rácio de capital mais exigente, o CET1, ficasse nos 11,8%, acima dos 11,1% de dezembro.
Contudo, o banco da Lone Star espera conseguir ainda receber dinheiro do Fundo de Resolução, tendo em conta os 209 milhões pedidos por conta dos resultados de 2021 (que o Fundo recusou entregar), além dos litígios de mais de 300 milhões de euros em discussão no tribunal arbitral, em Paris.
“O crédito a clientes (bruto) totalizou 25.541 milhões de euros (+2,6% vs 2021), com crescimento de 4,1% no crédito a empresas”, segundo o relatório, havendo um rácio de crédito malparado de 5,4%. Já os depósitos somaram 3,9% para 28.385 milhões de euros.
“O banco está bem posicionado para continuar a crescer e competir no mercado português”, é o que diz António Ramalho, citado no comunicado de resultados, na sua última intervenção em relação ao banco que lidera desde 2016.
(notícia atualizada às 16h23 com mais informações)
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