O lucro do grupo galego Abanca, já presente em Portugal e interessado em expandir-se mais, deslizou no primeiro semestre deste ano. O resultado líquido ficou, entre janeiro e junho, em 104,3 milhões de euros, o que corresponde a uma queda de 34% em relação ao mesmo período do ano anterior. E, pelo meio, o líder do banco alerta para a perda de competitividade que a banca espanhola pode perder com o novo imposto que o Governo quer aplicar.
Crescer em Portugal, sim
Sobre a compra do Eurobic, que há dois anos falhou e que entretanto voltou a ser uma realidade no último semestre, não houve novidades. Às questões sobre o assunto, ou sobre eventuais alternativas de crescimento através de compras no país, o presidente executivo, Francisco Botas, respondeu de forma genérica: “O nosso interesse em Portugal continua, onde estamos a desenvolver um negócio muito interessante, a crescer a dois dígitos”, frisou.
“Portugal e a nossa abordagem e ambição ibérica são fundamentais para o Abanca”, declarou o responsável na conferência de imprensa desta sexta-feira, 29 de julho. O grupo tem crescido com aquisições (comprou por exemplo as unidades espanholas da Caixa Geral de Depósitos e do Novo Banco), tendo ganho força em Portugal com a aquisição da rede do Deutsche Bank.
É uma afirmação idêntica às anteriores, enquanto a aquisição do Eurobic a Isabel dos Santos e outros acionistas angolanos continua atrasada devido à necessidade de autorização da justiça angolana (por conta das contas arrestadas à investidora angolana).
Perda de competitividade espanhola
Na conferência de imprensa, o presidente da administração, Juan Carlos Escotet, foi muito crítico da aplicação de um imposto especial sobre a banca, como o que é pretendido pelo Governo, e, mostrando crença de que não passe no Parlamento, declarou que “é difícil de entender que se apliquem a sectores de economia e não a outros”.
Além disso, frisou a “perda de competitividade que supõe para os bancos na União Europeia”. “Este tipo de medidas não se está a aplicar noutros países, o sector bancário espanhol vai ver-se afetado na sua rentabilidade”, continuou.
Este é um argumento idêntico aos que a banca portuguesa utiliza para contestar as contribuições específicas que já caem sobre si.
Lucro cede
O lucro caiu no primeiro semestre, e a justificação para esta descida são fatores não recorrentes, segundo o banco, que defende que analisando números recorrentes o lucro tinha crescido 14%. Foram os resultados em operações financeiras que contribuíram para a descida dos lucros no semestre: renderam menos 81% que há um ano.
A nível de operação, o banco conseguiu maior margem financeira e mais receitas das comissões cobradas aos clientes.
O volume de negócios, que junta os depósitos e outros recursos de clientes com os créditos concedidos, superou os 110 mil milhões de euros, mais 6,6% que no ano anterior. “A qualidade do risco é uma característica que acompanha o Abanca há muitos anos”, frisou o líder executivo, Francisco Botas, apontando para o rácio de crédito malparado de 2,1%.
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