Uma subsidiária da fabricante de automóveis sul-coreana Hyundai utilizou trabalho infantil numa fábrica que fornece peças para a sua linha de montagem nas proximidades de Montgomery, cidade que fica no estado do Alabama (Estados Unidos). A acusação parte da polícia local, da família de três trabalhadores menores de idade, e de oito funcionários da fábrica, está a avançar a "Reuters".
Trata-se da SMART Alabama - que se encontra nos registos da Hyundai como uma empresa da qual a sul-coreana é acionista maioritária -, uma empresa que fornece peças para alguns dos carros construídos pela fabricante em Montgomery, a sua principal fábrica de montagem nos Estados Unidos.
A agência de notícias soube da existência de trabalhadores menores de idade nesta fábrica após o breve desaparecimento em fevereiro de uma criança migrante da Guatemala da casa da sua família em Alabama. A criança, que faria este mês 14 anos, trabalhou em conjunto com os seus irmãos de 12 e 15 anos na fábrica - facto confirmado pelo pai à "Reuters".
Também a polícia da cidade de Enterprise, no Alabama, onde vivia a família, confirmou que a jovem e os seus irmãos trabalharam na SMART.
A polícia local não atuou no caso de trabalho infantil pois, segundo a agência de notícias, não tem jurisdição para investigar possíveis violações de leis laborais na fábrica. Ainda assim, a polícia notificou o procurador-geral do Alabama após o incidente. Contudo, não está claro se o escritório estaria a investigar o caso, uma vez que se recusaram a comentar.
Agências de recrutamento desresponsabilizam empresas
Os três irmãos eram apenas alguns dos trabalhadores menores de idade (a "Reuters" não indicou um número exato) que passaram pela fábrica nos últimos anos, segundo relataram atuais e antigos funcionários da fábrica. Vários desses menores foram, inclusive, contratados por agências de recrutamento. Estas agências têm recebido críticas por permitir que grandes empregadores não sejam os culpados por estas violações laborais.
Estes menores deixaram de ir à escola para trabalhar longos turnos na fábrica, uma instalação com um histórico documentado de violações de saúde e segurança, incluindo riscos de amputação.
Mais concretamente, Tabatha Moultry, ex-funcionária da fábrica, disse à "Reuters" que a fábrica tinha alta rotatividade e dependia cada vez mais de trabalhadores migrantes para conseguir responder à intensa procura de produção. Nomeadamente disse que se lembrava de trabalhar com uma menina migrante que "parecia ter 11 ou 12 anos" que trabalhava ao lado da mãe.
Em comunicado, a SMART disse que segue as leis federais, estaduais e locais e "nega qualquer alegação de que empregou conscientemente qualquer pessoa inelegível para o emprego". A empresa não respondeu à agência de notícias relativamente às histórias concretas citadas nesta peça.
Da parte da Hyundai a "Reuters" também não obteve resposta. Porém, no seu site, a Hyundai diz que proíbe o trabalho infantil em toda a sua força de trabalho, incluindo fornecedores.
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