A portuguesa Navigator e a empresa alemã P2X Europe celebraram um acordo de princípio para a criação de uma joint venture – a P2X Portugal – para desenvolver uma unidade industrial de última geração para produzir, em larga escala, combustíveis verdes para o setor da aviação. O projeto prevê, na sua fase inicial, um investimento de pelo menos 550 milhões de euros na Figueira da Foz.
Também conhecido como e-SAF (e-Sustainable Aviation Fuels), o produto a fabricar em Portugal será um jet-fuel (querosene) sintético, neutro em carbono, produzido a partir de hidrogénio verde e de dióxido de carbono (CO2).
"Este projeto tira partido da elevada competitividade de Portugal na produção de energia renovável (solar e eólica) e do CO2 biogénico gerado pelas biorrefinarias da Navigator que utilizam como recurso as florestas sustentáveis. Em conjunto, estes são os dois elementos críticos para o sucesso da produção à escala industrial de jet-fuels sintéticos net-zero (neutros em carbono), com vista à descarbonização da indústria da aviação", explica a Navigator em comunicado.
A empresa indica que a P2X Portugal pretende "ser uma referência internacional no desenvolvimento e comercialização em larga escala de produtos inovadores de combustíveis sintéticos para o setor da aviação".
"A instalação da P2X Portugal no complexo industrial da Navigator na Figueira da Foz marca um passo fundamental para Portugal e para a Europa no caminho para a construção de um ecossistema totalmente integrado de produção de combustíveis verdes", diz ainda a Navigator.
Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Navigator indica que o projeto visa atingir uma capacidade total de produção de 80.000 toneladas em ano cruzeiro.
Para as duas primeiras fases de desenvolvimento, o investimento do projeto totalizará cerca de 550 a 600 milhões de euros na instalação de produção de hidrogénio verde, na infraestrutura e processo de captura de CO2 biogénico, e na capacidade de produção de 40.000 toneladas por ano de combustível sintético.
"O Governo português concedeu ao projeto PtL da P2X Portugal o estatuto de Projeto de Interesse Nacional (PIN), o que atesta a sua força, maturidade e qualidade global", refere o comunicado.
"Sujeito ao cumprimento de condições precedentes e à decisão final de investimento prevista para ocorrer até meados de 2023, o projeto tem programado iniciar a operação comercial já no primeiro semestre de 2026", aponta ainda o comunicado da Navigator.
Entre essas condições, a Navigator aponta a "disponibilidade de energia renovável a preços competitivos (tipicamente eólica e solar)", além de um "adequado enquadramento regulatório para a produção de hidrogénio verde, a definir no EU Delegated Act atualmente em discussão em Bruxelas".
A aliança precisará ainda de conseguir "acordos de off-take [aquisição] satisfatórios com companhias aéreas de referência", e lista ainda como condição a "obtenção de incentivos adequados ao investimento proporcionados pela União Europeia e pelo Governo português".
A joint venture está em processo de obtenção de autorização das autoridades da concorrência da União Europeia, refere ainda a Navigator.
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