O presidente executivo (CEO) da GGND, Gabriel Sousa, acredita que Portugal tem condições para avançar rapidamente com a descarbonização da distribuição de gás natural, nomeadamente acelerando o investimento em projetos de gases renováveis, como o biometano.
No que respeita ao biometano, o CEO da GGND (antiga Galp Gás Natural Distribuição) afirma que "a tecnologia está madura e temos é de pôr o pé no acelerador".
Num encontro com a imprensa, esta quinta-feira, o gestor sublinhou que o biometano (gás renovável similar ao gás natural, que pode ser obtido, por exemplo, a partir de resíduos) poderá ser desenvolvido em Portugal mais rapidamente que o hidrogénio verde.
Lembrando que "há 70 instalações em Portugal que produzem biogás para gerar eletricidade", o CEO da GGND referiu que seria mais eficiente aproveitá-las para injetar esse biogás na rede de gás natural, acelerando a sua descarbonização.
"Os eletrolisadores estão com tempos de entrega de um ano ou ano e meio. As estações de tratamento de biometano demoram umas seis semanas a ser entregues", referiu Gabriel Sousa, assinalando que França, por exemplo, está a instalar 3 a 4 unidades de produção de biometano por semana.
Em Portugal a Dourogás irá na próxima semana inaugurar em Mirandela uma unidade deste tipo, para injetar gás 100% renovável na rede.
Gabriel Sousa defendeu ainda que a aposta no biometano faz sentido no plano económico, já que este produto energético tem atualmente um custo de 60 a 80 euros por megawatt hora (MWh), que é menos de metade da cotação do gás natural (os contratos TTF, referência na Europa, estão a custar mais de 170 euros por MWh).
Embora referindo que o centro da atividade da GGND é a distribuição (regulada) de gás natural, o CEO da GGND admitiu que no futuro o grupo (que é detido em 75% pela seguradora alemã Allianz) pode vir a participar em projetos de produção de gases renováveis.
No encontro com jornalistas, onde revelou que ainda este ano a GGND mudará a sua identidade, adotando uma nova designação, Gabriel Sousa indicou também que a GGND já recebeu mais de 70 pedidos de ligação à rede de distribuição de produtores de hidrogénio e biometano.
Desses pedidos há três projetos com compromissos de início de produção no prazo de um ano.
Do lado da GGND, a distribuidora tem em curso um projeto de demonstração no Seixal que já está a produzir hidrogénio verde (a partir de energia solar), para injeção na rede local de distribuição, começando com uma incorporação de 2% de hidrogénio verde na rede e prevendo chegar aos 20% num prazo de dois anos.
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