Depois de os deputados terem exortado o ministro das Infraestruturas e Habitação a esclarecer a posição do Governo e a sua própria sobre a solução aeroportuária, apontada no despacho (revogado pelo primeiro-ministro), Pedro Nuno Santos reconheceu que errou ao apontar as soluções propostas como definitivas, e não como algo que ainda iria ser estudado.
"Houve um erro, e esse erro foi corrigido. Neste momento o que temos é de seguir em frente", admitiu Pedro Nuno Santos, esta quarta-feira numa audição no Parlamento, onde estava a pedido do PSD, para discutir os problemas do aeroporto de Lisboa e da TAP. "Farei todo o esforço para negociar e conciliar uma solução convosco", sublinhou. Deixando bem claro, por diversas vezes, que a posição do Governo passa por consensualizar uma posição com a oposição, nomeadamente com o PSD.
"O despacho cometeu o erro de ser apresentado como uma solução final. E havia sempre a possibilidade de a Avaliação Ambiental Estratégica atirar tudo por terra", admitiu. "Estava lá [no despacho ] uma solução com tempos. Mas ia fazer-se um estudo", acrescentou. "O erro", repetiu, "e foi um erro, é que estava lá uma solução combinada. Acontece... aconteceu".
Respondendo às declarações de vários deputados do PSD, numa frase lançada pelo deputado Paulo Rios - "sr ministro chama a isso, governar?" - Pedro Nuno Santos pediu aos sociais-democratas para se decidirem: " Ou acham que é preciso um consenso alargado em relação à decisão ou querem que o Governo decida. (...) Ou querem participar e comprometer-se ou esperar que o Governo decida, apresente a solução, e vocês aqui estarão para dizer mal?". E atirou ainda: "Não façam de conta que o PSD não teve nada a ver com o atraso". "Se queremos uma solução consensual, temos de discutir convosco" frisou.
Neste ponto, Pedro Nuno Santos referiu-se ainda às declarações do vice-presidente do PSD Paulo Rangel, dizendo que os sociais-democratas parecem falar a várias vozes sobre este assunto: "Querem ou não ser parte da decisão sobre o novo aeroporto?" E se querem "participar" e "comprometer-se", isso "tem custos". "É a vida".
Pedro Nuno Santos explicou que decidiu passar o estudo de Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) para o LNEC, porque o Laboratório Nacional de Engenharia Civil dá mais tempo. "O LNEC permite-nos não ter de lançar um novo concurso, dá-nos tempo. Não podemos anular um concurso e fazer outro". E aproveitou para perguntar ao PSD se concorda ou não com a atribuição da AAE ao LNEC: "Nem isto sabemos do PSD", disse.
Ao longo das três rondas de perguntas, Pedro Nuno Santos foi sendo questionado pelos vários deputados sobr afinal o que defende para o novo aeroporto de Lisboa e se mantém os pressupostos do seu despacho, revogado por ordem do primeiro-ministro. O ministro foi fazendo um esforço para não defender preto no branco a solução que apresentava no despacho, admitindo que tinha sido um erro apresentá-la como solução final, mas foi afunilando as opções.
Durante as mais de duas horas de debate, Pedro Nuno Santos foi-se encostando sempre à posição do primeiro-ministro repetindo à exaustão que a sua posição era a de "conversar com os senhores" do PSD. As suas respostas levaram o deputado do Livre, Rui Tavares, a dizer-lhe que tinha aparecido ali como "o ministro sem opinião".
Foi a primeira vez que Pedro Nuno Santos foi ouvido no Parlamento depois da polémica decisão que o opôs ao primeiro-ministro. Apareceu a não sair da linha oficial, de lançar para o pedido de consenso com o PSD, e menos agressivo do que o habitual.
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