O ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, que esta quarta-feira foi ao Parlamento para falar sobre os problemas do aeroporto de Lisboa e da TAP, recusa-se a discutir o despacho revogado pelo primeiro-ministro, onde estava apontada a nova solução aeroportuária para Lisboa, que previa Montijo como infraestrutura temporária, até à construção de Alcochete, que substituiria então a antiga Portela, que seria desmantelada.
"Não vou discutir um despacho que já não existe. Faço parte de um Governo que é um coletivo, que é uma equipa, e o despacho foi revogado", afirmou Pedro Nuno Santos, respondendo a Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, que o incitou a esclarecer a solução que propôs ao país há duas semanas, e pressupunha Alcochete como o aeroporto internacional, a partir de 2035.
"Eu não afirmei aqui neste Parlamento que Alcochete é a melhor solução", frisou o governante, esclarecendo que "só quis problematizar" sobre o que estava em cima da mesa. E expôs de novo a situação: "O Aeroporto Humberto Delgado está esgotado, a sua expansão tem custos ambientais e sociais. Uma solução dual com o AHD e o Montijo tem uma maior limitação no tempo, e estes dados são importantes para tomarmos decisões". Ou seja, duas soluções com limitações, até porque antes o ministro já tinha sugerido que não será fácil obter uma declaração de impacte ambiental para o Humberto Delgado.
"Queremos uma solução de consenso", voltou a defender. E sublinhou: "Quem vai decidir onde o aeroporto vai ser construído é o Estado português, não é nenhuma empresa privada, nem a concessionária". Ainda em resposta às questões do BE afirmou: "Se o setor do turismo tem alguma pressa em construir o novo aeroporto, nós também temos em relação ao futuro do país"
"Mais nenhum país tem um aeroporto no centro da cidade", sublinhou ainda, e lembrou que tudo isto "depende da obtenção de uma Declaração de Impacto Ambienta e de Avaliação Ambiental Estratégica", dando a entender que não será fácil.
E considerou que a solução dual (AHD mais Montijo) estaria esgotado entre 10, 15 ou 20 anos, o que levaria a que em breve novas gerações iriam estar de novo a discutir o futuro aeroporto, uma questão que apaixona o país há mais de 50 anos.
Apontando as dificuldades, foi dizendo que não haverá uma solução que seja aceite pela generalidade dos portugueses e que nenhuma terá mais de "20% de apoio" por isso o que importa é decidir e essa decisão, por consenso, que seja rápida. "Não haverá uma única solução sem espinha", disse.
Já na segunda ronda de respostas ao PSD, Pedro Nuno Santos voltou a admitir que a solução final pode não ser aquela que defendia, que isso faz parte da negociação, e não deu a garantia que será o interlocutor na negociação: "Nós organizaremo-nos da forma que o sr primeiro-ministro entender. Trabalharemos convosco para encontrar uma boa solução", afirmou.
“Cada ano que nós demorarmos [a decidir], nós vamos estar a perder milhares de milhões de euros, num país que não é rico”, acrescentou o governante, salientando a “necessidade urgente” de aumentar a capacidade aeroportuária, para receber “os milhões de passageiros que querem procurar Portugal, caso contrário “é dinheiro perdido pelo país”.
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