“Se recuarmos a 2019, os problemas [nas urgências] eram os mesmos de hoje”
Óscar Gaspar, representante dos hospitais privados, defende que, mais do que pensos rápidos, o SNS precisa da articulação dos vários prestadores
Óscar Gaspar, representante dos hospitais privados, defende que, mais do que pensos rápidos, o SNS precisa da articulação dos vários prestadores
Jornalista
A covid-19 agudizou os problemas que já existiam no sistema de saúde, os que vivemos hoje não são, na sua maioria, problemas novos, faz notar o presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, Óscar Gaspar, que foi secretário de Estado da Saúde no segundo governo de José Sócrates (2009-2011), com Ana Jorge como ministra da Saúde. “Em 2019, antes da pandemia, as notícias não eram muito diferentes das de agora”, lembra o responsável, acrescentando que “tivemos um período de suspensão e voltámos, agora, aos problemas que existiam, alguns deles agravados”. Ou seja, tratam-se de problemas estruturais que não se resolvem com medidas de circunstância.
“Vou usar uma palavra que, em Portugal, não é bem vista: parcerias. As parcerias são uma parte da solução e era importante avançarmos nesse sentido”, disse o responsável em conferência de imprensa, após a Cimeira Ibérica de Hospitais Privados, decorrida esta manhã de quinta-feira, dia 23 de junho, em Lisboa.
Na sua opinião, o sistema tem que ser pensado “em termos de planeamento”. Até porque “sabemos antecipar qual é a evolução típica em cada uma das áreas de atuação e sabemos quais são as necessidades de cada uma”.
“Mais do que no momento A ou B recorrer ao prestador X ou ao prestador Y, o que seria razoável é termos uma articulação estrutural entre as diversas partes do sistema”, sinaliza Óscar Gaspar, ressalvando que é “óbvio que se houver um problema agudo e que tem de ser resolvido hoje, também estamos disponíveis para o fazer”.
O ex-governante aproveitou o momento para repetir “as palavras do secretário de Estado da Economia [João Neves] ditas aqui há pouco: é responsabilidade de todos o aproveitamento cabal de todas as capacidades que existem no sistema de saúde português”.
E referiu que “nos diversos países, de acordo com os estudos que têm sido feitos sobre a retoma da atividade assistencial, é sinalizada a necessidade de articulação entre prestadores”.
O presidente da APHP salienta que o Ministério da Saúde sabe quais são as capacidades instaladas no sistema de saúde português, “sabe quantas camas e médicos temos, sabe as áreas em que estamos. Do nosso lado há disponibilidade desde logo para o diálogo para perceber quais são as necessidades do público e trabalharmos em conjunto”.
Sobre como está a correr o diálogo, Óscar Gaspar limita-se a dar conta de que “houve progressos”.
Numa entrevista recente à RTP, o presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT), Luís Pisco, indicou que os hospitais privados “manifestaram total disponibilidade e abertura” para ajudar na resposta das urgências de obstetrícia.
Mencionou ainda que a intenção é ter as três maternidades privadas em Lisboa a receber partos, em períodos de perturbações nos hospitais públicos.
“Tem havido conversações, é público que houve uma reunião na ARS - LVT com os diversos prestadores. Há uma identificação por parte do SNS de quais são as necessidades e há da parte dos privados a procura de soluções para as necessidades”, refere Óscar Gaspar.
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