Costa Silva quer atrair empresas de saída da Ásia e avisa que carga fiscal “está a ser tratada”
António Costa Silva
tiago miranda
O ministro da Economia, António Costa Silva, admitiu “dores de parto” no Banco Português de Fomento. E revelou que quer atrair empresas que estejam a sair da Ásia
O ministro da Economia disse esta segunda-feira, 20 de junho, que o país quer atrair grandes empresas que pretendem sair da Ásia, devido às tensões geopolíticas entre Estados Unidos, Rússia e China, e garantiu que a questão da carga fiscal “está a ser tratada”.
António Costa Silva falava durante um debate promovido pela CNN Portugal, em Lisboa, no qual apontou que as atuais tensões geopolíticas entre os Estados Unidos, a Rússia e a China estão a “fragmentar o mercado mundial”, dando o exemplo de um estudo feito na Alemanha, que concluiu que “muitas” empresas que estão na Ásia querem relocalizar as suas unidades.
Questionado pelo moderador do debate, Anselmo Crespo, sobre como vai convencer aquelas empresas a instalarem-se em Portugal, tendo em conta a elevada carga fiscal, Costa Silva apontou as “600 empresas alemãs” em Portugal como argumento.
Adicionalmente, o ministro da Economia e do Mar garantiu que “a questão fiscal está a ser tratada”, dando como exemplo a medida prevista pelo Governo de reduzir o “diferencial do IRC para as empresas que reinvestem os seus lucros na sua atividade, que investem na inovação e para aquelas que investem na captação de mão-de-obra qualificada, sobretudo jovem” – medida que a presidente da Altice Portugal, Ana Figueiredo, presente na conferência, anunciou receber de “bom grado”, já que pertence a um grupo estrangeiro a atuar em Portugal.
Banco de Fomento com “dores de parto”
Em relação ao Banco Português de Fomento, o ministro da Economia garantiu que “vai ser um sucesso” e disse que o arranque está a sofrer das “dores de parto”, devido às interrupções causadas pela pandemia e pela crise política.
“[O Banco de Fomento] vai ser um sucesso, são as dores de parto, digamos, do nascimento”, afirmou o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva.
O Banco Português de Fomento foi criado em 2020 com o objetivo de promover a modernização das empresas e o desenvolvimento económico do país, mas ainda não tem presidente do Conselho de Administração.
Costa Silva lembrou que o arranque da instituição foi marcado por interrupções causadas pela pandemia de covid-19 e pela crise política motivada pela queda do Governo.
“Nós somos também um país de muitos treinadores de bancada, […] Mas nós vamos descobrir a solução e ela vai funcionar”, garantiu o ministro, referindo-se também ao enquadramento salarial – na semana passada, o Governo voltou atrás e decidiu retirar o Banco de Fomento do Estatuto do Gestor Público, permitindo a definição sem limites nem condições associadas ao vencimento do primeiro-ministro.