Economia

Trabalhadores da Autoeuropa preocupados com futuro da empresa

Foto: Autoeuropa
Foto: Autoeuropa

Rogério Nogueira, coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, alerta para o facto de Portugal poder estar a perder na corrida aos carros elétricos para países como Espanha

Trabalhadores da Autoeuropa preocupados com futuro da empresa

Vítor Andrade

Coordenador de Economia

Um estudo da Organização Geral do Trabalho (OIT) sobre o sector automóvel em Portugal, divulgado esta semana, alerta para a possibilidade de o país poder vir a perder a produção de carros híbridos e elétricos para a outras geografias.

Em reação às conclusões daquele documento, Rogério Nogueira, coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, a maior empresa do sector em Portugal, mostra-se preocupado com o futuro desta fábrica, em Palmela, pois, para já, os modelos ali produzidos continuarão a ser equipados com motores a combustão.

Isso mesmo foi adiantado ao Expresso numa entrevista recente a Thomas Hegel Gunther, diretor-geral da Volkswagen Autoeuropa, onde disse que “a percentagem de clientes que preferem carros com motor a combustão ainda é muito elevada, e, portanto, iremos servir o mercado com este novo carro [o T-Roc], logicamente modernizando-o”.

Trabalhadores querem ver carros elétricos na Autoeuropa

Ora, apesar da paz laboral que domina na Autoeuropa – não obstante todos os constrangimentos na linha de produção impostos pela falta de componentes -, Rogério Nogueira já pensa no longo prazo e no que poderá ser o futuro desta empresa se não houver uma aposta clara na eletrificação do modelo que ali é produzido, e com grande sucesso de vendas em vários mercados internacionais.

Ainda assim, afirma, “relativamente à eletrificação e mais concretamente à Autoeuropa, acreditamos que no futuro a fabrica de Palmela faça também parte desse processo e assim se garanta o futuro da empresa e os seus postos de trabalho”.

O sucesso dos investimentos em Espanha

Mas as preocupações do representante dos trabalhadores da Autoeuropa vão para lá do perímetro da fábrica de Palmela e, assegura, “não temos conhecimento, enquanto Comissão de Trabalhadores, de alguma atividade até agora demonstrada pelo Governo português relativamente a este tema, o que, em bom rigor, nada tem a ver com a proatividade demonstrada pelo Governo espanhol, que, como é do conhecimento geral, criou as condições necessárias a nível de investimentos para que a eletrificação fosse uma realidade nas fábricas do grupo [Volkswagen]”.

Recorde-se que a marca alemã acaba de anunciar um investimento de 10 mil milhões de euros na produção de baterias para carros elétricos em Sagunto, na província de Valência.

O coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa sublinha ainda que “estamos a falar de um sector de atividade que direta e indiretamente dá emprego a mais de 60 mil pessoas no país e temos de olhar para este problema com a importância devida, principalmente no que diz respeito às condições de trabalho e aos salários baixos que se praticam no sector”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: VAndrade@expresso.impresa.pt

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