Economia

Lucro do BCP duplica para €113 milhões, mas Polónia continua a prejudicar

Miguel Maya, presidente executivo do BCP
Miguel Maya, presidente executivo do BCP
Ana Baião

Negócio bancário do BCP em Portugal melhorou no primeiro trimestre, mas Polónia continua a custar dinheiro

Lucro do BCP duplica para €113 milhões, mas Polónia continua a prejudicar

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Os lucros do BCP duplicaram para os 113 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, num período em que, mesmo assim, a unidade na Polónia, o Bank Millennium, continuou a prejudicar as contas.

No primeiro trimestre de 2021, o banco liderado por Miguel Maya somou 57,8 milhões de euros em lucros, valor que passou para os 112,9 milhões no mesmo período deste ano.

Segundo o comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o resultado líquido do grupo foi “influenciado por encargos de 123,3 milhões de euros associados à carteira de créditos em francos suíços concedidos pela subsidiária na Polónia”. É um tema que tem castigado as contas há vários anos.

“Excluindo os encargos referidos, o resultado líquido do Grupo ascenderia a 174,6 milhões de euros (+52,6%, face ao primeiro trimestre de 2021)”, assinala o banco detido pela Fosun e pela Sonangol.

Negócio bancário cresce, custos também

As contas do BCP melhoraram graças ao aumento dos proveitos. A margem financeira (diferença entre juros cobrados e juros pagos), que é o centro do negócio bancário, disparou 24%. E, aqui, a Polónia ajuda. Este aumento “é registado, quer em Portugal, quer nas operações internacionais, mais nas operações internacionais, pelo relevante contributo da Polónia, onde as taxas de mercado passaram de 0,1% para 5,25%”, explicou Miguel Maya na conferência de imprensa desta segunda-feira, 16 de maio.

As comissões cobradas aos clientes também somaram 13%. No conjunto das várias rubricas de receitas, o produto bancário atingiu os 700 milhões de euros, mais 21% que no período homólogo.

No campo dos custos, houve uma subida de 1% graças aos custos administrativos (por exemplo, com advogados para a discussão judicial dos contratos associados em francos suíços) – já que os encargos com pessoal deslizaram, tendo em conta os despedimentos levadas a cabo em Portugal no ano passado.

Imparidade em Portugal

Nos campos de imparidades e outras provisões, há um agravamento de 4,6% para 254 milhões de euros. “Um número com elevado relevo”, admite o CEO do banco que, ao último do último ano, perdeu 740 trabalhadores e 55 agências.

Mas nem só a Polónia explica esta rubrica. Houve também provisões “para riscos diversos da atividade em Portugal, em parte reflexo de níveis de incerteza elevados decorrentes do atual contexto”, segundo o comunicado de resultados.

Mais crédito e mais depósito

A nível de operação, o BCP registou um aumento de 7,7% dos recursos totais (incluindo depósitos), tanto em Portugal como fora do país, que totalizaram 91,4 mil milhões de euros.

No crédito a clientes, também houve um crescimento em Portugal e nas operações internacionais, chegando aos 58,5 mil milhões de euros.

Já o crédito malparado cedeu, ajudando a que o rácio de exposições não produtivas (NPE) passasse de 5,5%, em março de 2021, para 4,6%, em março deste ano. “Temos vindo a fazer uma melhoria consistente ao longo do tema”, congratulou-se Miguel Maya.

Em atualização

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