Portugal registou em 2021 um saldo importador de energia de 5,34 mil milhões de euros. Uma fatura que supera em 83% a de 2020, e que assume também o valor mais alto dos últimos sete anos, mostram os dados da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). O aumento reflete principalmente o agravamento dos preços internacionais dos produtos energéticos.
Este saldo representa a diferença entre as importações de energia, que cresceram 60% e totalizaram 9,19 mil milhões de euros em 2021, e as exportações, que subiram 35%, para 3,84 mil milhões de euros.
O disparo do saldo importador (de 2,91 mil milhões de euros em 2020 para 5,34 mil milhões de euros) espelha uma subida do preço do petróleo, mas também aumentos substanciais no custo das importações de gás natural e de eletricidade.
Embora o volume de importação de petróleo bruto e refinados em 2021 tenha recuado 5,6%, a sua aquisição saiu 39% mais cara, devido à subida das cotações internacionais em 2021.
No gás natural Portugal teve até um decréscimo de 0,8% do volume importado em 2021, mas, segundo a DGEG, o país pagou mais 70% por essas importações de gás.
E na eletricidade o país teve um forte aumento nas importações oriundas de Espanha (que dispararam 39% face ao ano anterior), pagando também mais caro por essa energia, com a fatura da eletricidade importada a aumentar 427% face ao ano anterior.
Do total de importações de energia no ano passado, o petróleo e refinados custaram 6,22 mil milhões de euros, o gás natural custou 1,73 mil milhões de euros e a eletricidade 1,09 mil milhões de euros. O carvão ficou em apenas 4 milhões de euros.
Portugal sem petróleo russo pelo segundo ano seguido
Os dados da DGEG mostram que o Brasil voltou a ser em 2021 a principal fonte de petróleo de Portugal, fornecendo 3,61 mil milhões de toneladas (38,5% do total), acima dos 2,82 mil milhões de toneladas de 2020.
E os números indicam ainda que em 2021, pelo segundo ano consecutivo, Portugal não importou petróleo bruto da Rússia. Já não o tinha feito em 2020. O último ano com importações de petróleo russo foi 2019, quando Portugal adquiriu à Rússia 1,2 milhões de toneladas.
Estes números referem-se apenas a petróleo bruto, e não a refinados (que Portugal continuou a importar até ao início deste ano, incluindo o gasóleo de vácuo importado pela Galp, e cuja aquisição a petrolífera portuguesa decidiu suspender após a invasão da Ucrânia).
A seguir ao Brasil, o segundo maior fornecedor de petróleo a Portugal em 2021 foi a Nigéria, com 2,04 milhões de toneladas, seguida do Azerbaijão, com 1,16 milhões de toneladas.
Nota ainda para o facto de as importações de petróleo de Angola terem caído substancialmente (de 1,05 milhões de toneladas em 2020 para apenas 131 mil toneladas em 2021), tal como as importações oriundas da Arábia Saudita (que desceral de 1,06 milhões de toneladas para 246 mil toneladas), ao passo que o crude importado dos Estados Unidos da América subiu de 691 mil toneladas em 2020 para 946 mil toneladas em 2021.
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