Bancos centrais estão a apertar a política monetária. Medidas para subir juros arriscam causar uma recessão, avisam economistas
Quando, em julho do ano passado, a inflação na zona euro atingiu 2,2% em termos homólogos — acima da fasquia de referência de 2% do Banco Central Europeu (BCE) pela primeira vez desde 2018 —, poucos suspeitariam o que se seguiria. A escalada dos preços tem batido máximos de décadas, atingindo 7,4% em março. Uma tendência sentida ainda com mais força nos EUA, onde chegou aos 8,5%. Os bancos centrais estão já a apertar a política monetária, primeiro a Reserva Federal dos EUA (Fed), depois o BCE, com maiores cautelas. Até por causa da guerra na Ucrânia. Agora, há um risco significativo de as medidas para conter a inflação levarem a uma recessão, avisam os economistas.
Ricardo Reis, professor da London School of Economics, é um deles. “Tendo em conta a política monetária altamente expansionista de 2021, vamos ter com elevada probabilidade inflação alta durante todo o ano de 2022. Depois, tendo em conta a hesitação dos bancos centrais em controlar a inflação de forma agressiva, é razoável prever que não vamos ter inflação nos 2% até final de 2023”, antecipa. E deixa o alerta: “Quanto mais o banco central demora a responder a um aumento da inflação, mais esta se torna persistente e enraizada nas expectativas dos agentes económicos. Tornar a ancorar a inflação nesses casos é muito difícil sem causar uma recessão como dano colateral. Não é inevitável, mas é infelizmente provável.”
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