Patrões garantem que empresas estão a “sacrificar margens” para não subir preços

A inflação está a subir, mas “as empresas estão claramente a sacrificar margens para segurar clientes e mercado”, diz a Confederação Empresarial de Portugal (CIP)
A inflação está a subir, mas “as empresas estão claramente a sacrificar margens para segurar clientes e mercado”, diz a Confederação Empresarial de Portugal (CIP)
A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) alertou esta quarta-feira que as empresas estão a “sacrificar margens” para não subir os preços aos consumidores e pediu um maior alívio fiscal do Governo, para reduzir os custos.
Em conferência de imprensa, para apresentar o resultado de mais uma edição do projeto Sinais Vitais, que tem auscultado as empresas durante a pandemia, o vice-presidente da CIP, Armindo Monteiro, alertou que “apesar das encomendas e vendas estarem a registar um crescimento”, segundo os dados do inquérito, “é preciso uma análise mais fina”.
De acordo com estes dados, “em termos médios verificou-se um aumento de 41% nas vendas e prestação de serviços no primeiro trimestre de 2022 comparativamente com o primeiro trimestre de 2019”, um aumento que “foi suportado pelos crescimentos nas grandes, nas médias e nas pequenas empresas”.
Mas, Armindo Monteiro garantiu que, tendo em conta a inflação de 5,3%, registada em março e com os custos a subirem, sobretudo por causa da energia, “há uma parte do aumento que não esta a ser repercutida” ao consumidor.
Ou seja, sublinhou, as empresas “estão a vender com menos margem”, apontando ainda os custos com matérias-primas como fator que contribui para esta questão.
“A CIP teme que as empresas apesar de estarem a vender mais estejam a ganhar muito menos e muitas vezes, porventura, a perder”, indicou o vice-presidente, acrescentando que, tendo em conta as consequências da pandemia, consideram ser importante estar no mercado.
“As empresas estão claramente a sacrificar margens para segurar clientes e mercado”, garantiu, alertando que não irão passar incólumes e que este contexto “vai atingir a viabilidade de muitas empresas”, algo que ainda “não é percetível”, mas vai ser quando se apurarem resultados.
Para Armindo Monteiro “este aumento de vendas pode ser uma mera ilusão”, alertando que estas “não poderão escudar os consumidores sempre e na totalidade” e referindo que o Governo pode mexer no IVA e ISP, fazendo “reduzir os custos de energia”.
Neste ponto, o dirigente associativo defendeu que “o Estado parece estar a salvaguardar a sua própria receita no IVA e ISP e não está a ter em conta estes custos operacionais que as empresas estão a suportar”.
Ainda em relação aos custos da energia, Armindo Monteiro disse que “a guerra da Ucrânia veio potenciar o problema, mas já existia”, considerando que o acordo da Península Ibérica com a Europa, para travar o aumento dos preços do gás “é uma boa notícia para as empresas nacionais”.
O barómetro da CIP e do ISCTE, a 307 empresas nacionais, revelou que 96% das empresas estão em funcionamento, face a 92% em janeiro.
De acordo com os resultados, “50% das empresas registaram acréscimo de custos operacionais superiores a 15% em março, 'versus' janeiro, tendo este acréscimo atingido 55% das pequenas e 54% das médias empresas”.
O barómetro revelou que “o aumento médio global dos custos operacionais em março, relativamente ao início do ano, foi de 20%”.
Paralelamente, “o peso médio no conjunto de empresas respondentes aponta para 16% no peso dos custos de energia, no total dos custos operacionais”, com 79% a preverem um aumento nestes custos no segundo trimestre.
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