Economia

Previsões do FMI: Portugal vai crescer acima da zona euro e das economias de Leste este ano

Sede do Fundo Monetário Internacional em Washington DC, nos Estados Unidos
Sede do Fundo Monetário Internacional em Washington DC, nos Estados Unidos
STEFANI REYNOLDS

A economia portuguesa vai crescer 4% em 2022, mais do que a zona euro e do que as 11 economias do Leste europeu membros da União Europeia, segundo as previsões do FMI divulgadas esta terça-feira

Previsões do FMI: Portugal vai crescer acima da zona euro e das economias de Leste este ano

Carlos Esteves

Jornalista infográfico

Com um crescimento económico de 4% em 2022, a economia portuguesa vai registar um ritmo superior ao conjunto da zona euro e em relação às 11 economias do leste europeu membros da União Europeia. São as previsões do World Economic Outlook (WEO) do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgadas esta terça-feira no âmbito da reunião da primavera em Washington DC, nos Estados Unidos.

Apesar de o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) previsto pelos economistas do FMI ser inferior à meta de 4,9% apresentada pelo governo português no Orçamento do Estado para 2022, a dinâmica da economia portuguesa destaca-se, este ano, na União Europeia (UE), só sendo ultrapassada pela Irlanda (5,2%), Espanha (4,8%) e Malta (4,8%). Portugal vai regressar à convergência com a UE este ano, tal como aconteceu entre 2016 e 2019.

No entanto, há que sublinhar que o FMI reviu fortemente em baixa, em apenas seis meses, a previsão para 2022 para Portugal: de 5,1% no WEO de outubro de 2021 para 4% agora. Fernando Medina, na proposta de OE para 2022, cortou o crescimento, em menos de um mês, de 5% (previsto no Programa de Estabilidade 2022-2026) para 4,9%.

As 11 economias do Leste europeu, mais afetadas pelo impacto da guerra na Ucrânia em termos de pressão dos refugiados, risco geopolítico (encontram-se na fronteira com o expansionismo de Moscovo) e fluxos de comércio com a Rússia, vão registar crescimentos em 2022 muito abaixo do português. Os dois países mais castigados vão ser a Estónia, que vai ficar em quase estagnação, e a Letónia.

Mas a convergência portuguesa tem uma interrupção se o Orçamento para 2023 não der mais gás ao crescimento. Segundo as previsões do FMI, a taxa de crescimento da economia portuguesa cai para 2,1%, quase metade da dinâmica de 2022, e vai ficar abaixo das previstas para a zona euro (2,3%) e para todas as economias de Leste. Mesmo a Estónia e a Letónia, saídas de quase estagnação, vão crescer mais do que Portugal em 2023.

O otimismo do FMI para 2023 em relação às economias do Leste depende do pressuposto de que a situação não se agrava na frente oriental.

No entanto, a economia portuguesa volta a crescer acima da zona euro entre 2024 e 2027. Neste último ano do horizonte das previsões, a diferença entre as duas dinâmicas é de seis décimas a favor de Portugal, segundo o FMI.

O bom aluno das contas certas

Além de um crescimento acima da média da zona euro e das economias do Leste europeu em 2022, Fernando Medina, o ministro das Finanças português, vai poder usar outro trunfo no Eurogrupo e no Ecofin. Portugal é uma das quatro economias da União Europeia com o défice orçamental mais baixo em percentagem do PIB.

Mesmo com uma redução do défice de apenas quatro décimas em relação a 2021, de 2,8% para 2,4% do PIB, nas previsões do Fundo, só a Dinamarca (com um excedente de 0,8%), o Luxemburgo (com défice de 0,4%), Chipre (défice de 1,3%) e Irlanda (défice 1,4%) entram no clube dos 'bons alunos' das regras de Maastricht.

No caso português com um défice abaixo da linha vermelha de 3% do PIB em 2021 e 2022 - regra que até tem estado suspensa desde 2020. O FMI prevê que a consolidação orçamental portuguesa prossiga no próximo ano, com o défice a cair para 1,6% do PIB.

Nas contas de Fernando Medina, a redução do défice é maior, cai já em 2022 para 1,9% do PIB, mas este, em termos nominais, também aumenta mais do que as previsões do FMI.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: Cesteves@expresso.impresa.pt

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