O Conselho das Finanças Públicas (CFP) deu luz verde às previsões macroeconómicas inscritas pelo Governo na proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), destacando que estão alinhadas com as projeções do Banco de Portugal e do próprio CFP. No parecer obrigatório, previsto na Lei de Enquadramento Orçamental, a instituição presidida por Nazaré Costa Cabral "endossa" o cenário macro subjacente ao documento.
"Após a sua análise e com base na informação atualmente disponível, o CFP endossa o cenário macroeconómico" da proposta do OE2022, "que considera estar globalmente coerente com as projeções mais recentes para a economia portuguesa e que incorporam uma avaliação dos efeitos na economia nacional da invasão da Ucrânia pela Rússia", escreve a instituição.
O CFP chama a atenção que "a evolução do conflito e as sanções impostas à economia russa têm impacto sobre o preço dos bens energéticos e de outras commodities, bem como na confiança dos agentes económicos, nas condições de financiamento da economia e sobre os fluxos comerciais". E alerta que "o conflito introduz uma elevada incerteza nas perspetivas económicas".
Neste contexto, "o cenário do Ministério das Finanças, ao não diferir significativamente das projeções do CFP e do Banco de Portugal, partilha naturalmente os riscos macroeconómicos e geopolíticos já destacados por estas instituições – incluindo os riscos em baixa para a atividade económica e em alta para a inflação em Portugal em 2022", escreve o CFP.
Recorde-se que estas duas instituições já reviram os seus cenários para a economia portuguesa desde o início do conflito militar no Leste Europeu, baixando a sua projeção de crescimento para este ano ao mesmo tempo que subiram a previsão para a inflação.
O CFP conclui que "ponderados esses riscos e as suas potenciais consequências para as finanças públicas, a incerteza do panorama macroeconómico atual e as projeções existentes para a economia portuguesa, o cenário macroeconómico subjacente à nova proposta do Orçamento do Estado para 2022 afigura-se como provável".
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: slourenco@expresso.impresa.pt