Economia

Leilão solar: EDP ganha maior lote e vai instalar mega-central flutuante no Alqueva

Leilão solar: EDP ganha maior lote e vai instalar mega-central flutuante no Alqueva

Elétrica portuguesa conseguiu uma das parcelas mais disputadas do leilão do Governo para centrais solares em albufeiras de barragens. EDP teve de oferecer preços negativos

Leilão solar: EDP ganha maior lote e vai instalar mega-central flutuante no Alqueva

Miguel Prado

Editor de Economia

A EDP assegurou a maior parte do principal lote do primeiro leilão português para centrais solares flutuantes, assegurando o direito a instalar uma central de 70 megawatts (MW) de capacidade fotovoltaica na albufeira da barragem de Alqueva, com um sobreequipamento de 14 MW, informou a empresa em comunicado ao mercado.

Trata-se de um lote que permitirá aos vencedores ligar à rede as novas centrais solares assim que elas estejam construídas, uma vez que há disponibilidade imediata da rede elétrica, ao contrário do que sucede em cinco dos sete lotes a concurso, com disponibilidade da rede apenas em dezembro de 2023.

Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a EDP Renováveis informou ter ganho 70 MW desse lote (que contemplava até 100 MW de capacidade de ligação à rede). A empresa irá instalar uma central solar flutuante no Alqueva com 70 MW, complementada com 14 MW de sobreequipamento solar e 70 MW de capacidade eólica.

Para ganhar este lote a EDP teve de oferecer preços negativos: em vez de cobrar pela energia produzida, durante 15 anos a EDP oferecerá ao sistema elétrico 4 euros por cada megawatt hora (MWh) gerado na central solar flutuante (70 MW). Na potência do sobreequipamento e no parque eólico a empresa venderá a eletricidade em mercado, ao preço que quiser, e será aí que a EDP tentará recuperar o investimento na central flutuante.

Na disputa do lote 1 estiveram várias empresas, entre as quais a Endesa, que bateu a EDP na corrida ao lote 4, o terceiro maior a concurso, para instalar capacidade solar flutuante na albufeira da barragem do Alto Rabagão.

Os resultados da licitação desta segunda-feira serão comunicados oficialmente aos 12 concorrentes esta terça-feira, 5 de abril, abrindo-se depois um período para pronúncia dos interessados, antes da publicação dos resultados finais.

A concurso, recorde-se, estavam sete lotes, para a instalação de 263 MW de capacidade solar flutuante, no primeiro leilão do género em Portugal. Os anteriores dois leilões solares, para cerca de 2000 MW, realizados em 2019 e 2020, visavam apenas capacidade fotovoltaica convencional, em terra.

No caso do lote 1, para Alqueva, está prevista a ocupação de 250 hectares, ou 1% do espelho de água desta albufeira no Alentejo.

É também no Alqueva que a EDP se prepara para construir uma pequena central solar fotovoltaica flutuante com 12 mil painéis fotovoltaicos, uma potência de 4 MW e um investimento de 4 milhões de euros.

Quanto ao projeto agora ganho no leilão, precisará de passar ainda por um estudo de impacto ambiental. O lote 1 é, aliás, o único dos sete lotes a requerer estudo de impacto ambiental. Os outros seis, por terem menos de 50 MW de capacidade, implicam apenas estudos de incidências ambientais.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt

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