O Governo assumiu um aumento de 25 euros no preço médio do barril do petróleo para 2022, face ao previsto em outubro, atingindo os 82 euros, segundo o Programa de Estabilidade, divulgado esta segunda-feira, 28 de março.
De acordo com o Programa de Estabilidade (PE) 2022-2026, enviado pelo Ministério das Finanças na sexta-feira ao parlamento e conhecido esta segunda-feira, é assumido como enquadramento para o cenário macroeconómico, com base nas expectativas implícitas nos mercados de futuros (de 17 de março de 2022), que “o preço do petróleo deverá aumentar em 2022, para 92,6 USD/bbl (82 €/bbl)”.
Esta estimativa compara com os 60 euros/barril (71 USD/bbl) em 2021, com o Governo a assinalar que o contexto atual é “caracterizado por uma elevada volatilidade”.
Na proposta do Orçamento do Estado para 2022, entregue em outubro e chumbada, o Ministério das Finanças trabalhava com um preço médio por barril de 57 euros em 2022 (68 USD/bbl).
O executivo faz ainda, no Programa de Estabilidade, uma análise de risco, na qual calcula que um aumento no preço do petróleo, em 2022, de 20% acima do valor considerado no cenário base, teria um impacto negativo no crescimento real da economia de 0,1 pontos percentuais (p.p.) nos dois primeiros anos, seguido de uma recuperação nos anos seguintes.
“O impacto em 2022 resultaria, essencialmente, de um menor crescimento do consumo privado (-0,2 p.p.) e das importações (-0,3 p.p.)”, pode ler-se no documento.
Segundo esta simulação, registar-se-ia também “um impacto na evolução dos preços por via do aumento do deflator das importações e, em menor escala, das demais componentes por via do seu conteúdo importado”, o que se traduziria por uma redução no PIB nominal de 0,9 p.p. em 2022, “recuperando nos anos seguintes”.
Já a taxa de desemprego iria manter-se este ano, ainda que fosse de esperar uma menor redução da taxa de desemprego nos anos seguintes.
O impacto também se sentiria numa deterioração da balança comercial e da capacidade de financiamento da economia em cerca de 1,2 p.p. do PIB em 2022, enquanto o rácio da dívida pública em percentagem do PIB agravar-se-ia em 1 p.p., essencialmente devido ao menor crescimento do PIB nominal.
Já o impacto no saldo orçamental, estima-se, “seria residual em 2022”.
Por outro lado, uma diminuição no preço do petróleo, este ano, de 20% abaixo do valor considerado no cenário base surtiria um efeito simétrico.
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