Banco de Portugal baixa projeção de crescimento português este ano para 4,9%

O Banco de Portugal (BdP) está menos otimista sobre o crescimento da economia portuguesa este ano e em 2023. No Boletim Económico de março, apresentado esta quinta-feira, em Lisboa, pelo governador, Mário Centeno, o BdP baixou a sua projeção de crescimento económico português este ano para os 4,9%. São menos 0,9 pontos percentuais do que o número avançado em dezembro.

A expectativa de crescimento para 2023 também baixou, para os 2,9%. São menos 0,2 pontos percentuais do que a anterior projeção. Já o número para 2024 mantém-se inalterado, nos 2%.

Em sentido contrário, o cenário para a inflação foi revisto em alta, com o BdP a esperar que atinja 4% este ano, mais 2,2 pontos percentuais do que previa em dezembro. Espera, contudo, que baixe para 1,6% em 2023 e 2024.

A explicação para a alteração dos números está, em grande medida, na guerra na Ucrânia. O conflito militar na Europa "contribui para limitar o dinamismo econômico e para intensificar as pressões inflacionistas", escreve o BdP.

O impacto negativo vem da subida de preço das matérias-primas, da redução da confiança dos agentes económicos, da turbulência nos mercados financeiros, e dos efeitos das sanções comerciais e financeiras impostas à Rússia.

Na revisão em baixa do crescimento para 2022 pesa ainda um menor crescimento no quarto trimestre e indicadores mais fracos no arranque do ano por causa de nova vaga da pandemia, e uma redução do poder de compra devido à inflação. Pesam ainda hipóteses externas menos favoráveis.

Mário Centeno explicou que a revisão em baixa de 0,9 pontos percentuais, se divide em -0,4 pontos percentuais por causa da alteração do perfil de crescimento que tinha sido estimado para 2021 e em -0,5 pontos percentuais que resultam do impacto de nova vaga da pandemia no primeiro trimestre e a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Além da previsão de crescimento de 4,9%, o BdP também traçou um cenário adverso, mais pessimista, para 2022 por causa da incerteza associada à guerra na Ucrânia. Neste cenário mais pessimista a economia portuguesa cresce só 3,6% este ano e a inflação chega aos 5,9%.

Centeno: "Portugal vai continuar a crescer"

Apesar da revisão em baixa do crescimento, Mário Centeno sublinhou que "Portugal vai continuar a crescer". "Essa é claramente a mensagem deste Boletim", referiu.

O governador do BdP notou ainda que "o maior contributo para o crescimento em 2022 vem da recuperação das exportações de serviços, muito por causa do turismo".

Centeno também alertou que "o ciclo de normalização da política monetária, que é desejável, trará taxas de juro contidamente mais elevadas". E isso, frisou, "impõe atenção redobrada à dívida pública e à dívida privada".