A Rússia tem dois cupões de juros de dívida pública denominada em dólares para pagar esta quarta-feira. O montante soma 117 milhões de dólares (€106 milhões) e o ministro das Finanças Anton Germanovich Siluanov, um moscovita fluente em alemão, já admitiu recorrer às divisas em moeda chinesa (yuan) que não estão congeladas pelas sanções ou mesmo pagar em rublos (a moeda russa fortemente desvalorizada), de acordo com uma taxa de câmbio penalizadora para os credores situados em países "hostis".
Com 39% das reservas internacionais congeladas pelas sanções aplicadas em resposta à invasão russa da Ucrânia, a margem de manobra do Tesouro moscovita para cumprir os encargos da dívida é limitada e muitos analistas já falam de um evento de incumprimento pontual da dívida, o que não acontece desde 1998. No entanto, se não pagar, o governo dispõe de um prazo de carência de trinta dias para resolver o problema com os credores até que seja declarado efetivamente um default nas duas linhas de obrigações em dólares a vencer em 2023 e 2041. Entretanto, a agência de notação Fitch já disse que se o pagamento for em rublos isso será considerado um default em abril depois do período de carência.
As reservas internacionais russas (incluindo ouro, títulos de dívida e divisas estrangeiras) somavam em fevereiro, antes do início da invasão, 643,2 mil milhões de dólares, segundo os últimos dados do Banco da Rússia, o banco central, que não forneceu ainda o detalhe das suas componentes. Em final de janeiro, somavam 630,2 mil milhões de dólares, incluindo 132,3 mil milhões em ouro e perto de 470 mil milhões de dólares em títulos e divisas.
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