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Calçado: marcha para Milão "é da maior importância para retomar negócios", diz Luís Onofre

Calçado: marcha para Milão "é da maior importância para retomar negócios", diz Luís Onofre
MIGUEL RIOPA / Getty Images

Contingente nacional avança para a maior feira de calçado do mundo com 48 marcas, duas estreias e 140 milhões de euros de investimentos em carteira para os próximos três anos

"Better Together" é o lema da próxima edição da MICAM, a maior feira de calçado do mundo, que junta em Milão, de 13 a 15 de março, 48 marcas de 35 empresas portuguesas em mais uma ofensiva para conquistar encomendas e clientes à escala global, numa conjuntura marcada pela guerra.

Mesmo assim, a presença lusa na feira é apresentada como “um sinal de esperança no meio da instabilidade do cenário internacional, a mudar dia a dia”, diz Luís Onofre, empresário e presidente da associação sectorial APICCAPS, sem arriscar previsões para os próximos tempos.

Na verdade, quando a feira começou a ser preparada, o ambiente geral do sector era de otimismo, depois de a indústria portuguesa de calçado ter fechado 2021 com o seu melhor trimestre de sempre, com um registo de 412 milhões de euros de outubro a dezembro, que ajudou a fechar o ano com um crescimento de 12%, para 1,67 mil milhões de euros.

“O ano começou também da melhor maneira para o sector, com um crescimento de 15% nas exportações em janeiro face a 2021, o que confirmava uma conjuntura francamente positiva” sustenta, admitindo que agora "tudo vai depender muito da evolução da conjuntura internacional, da economia, dos efeitos colaterais, do abastecimento de matérias-primas".

Refrear expetativas

“Naturalmente que o desempenho deste ano deverá ficar abaixo das expetativas que tínhamos”, reconhece o empresário, apesar de os mercados da Rússia e Ucrânia representarem menos de 2% nas exportações dos sapatos portugueses.

Onofre considera “da maior importância para retomar os negócios” esta feira que começou por estar agendada para 20 a 22 de fevereiro, mas foi adiada para o final da primeira quinzena de março por razões de segurança, de forma a facilitar viagens entre países e maximizar oportunidades de contactos e encomendas com clientes da Europa e de outros países.

“A MICAM é a principal feira do setor e é muito relevante para as empresas portuguesas de calçado e marroquinaria, uma vez que reúne os maiores operadores do setor a nível mundial”, sublinha sobre este evento, que contará com a presença do secretário de Estado Adjunto e da Economia, João Neves, no dia da abertura, domingo.

Preparar nova década de crescimento

Entre as empresas portuguesas presentes, duas são estreantes - Kuro e Brako - o que é apontado como "mais um sinal de esperança", "indicador da dinâmica do sector”. E todas vão apresentar propostas para o próximo outono-inverno 2022- 2023 no âmbito da estratégia promocional definida pela APICCAPS e AICEP, com o apoio do Programa Compete 2020, que visa consolidar a posição relativa dos sapatos portugueses nos mercados externos, onde o sector coloca 95% da sua produção.

Para impulsionar este objetivo há dois projetos distintos, mas complementares, enquadrados no PRR (Programa de Recuperação e Resiliência) que permitiu à APICCAPS e CTCP – Centro Tecnológico do Calçado de Portugal reunirem mais de 100 empresas, entre universidades, empresas e entidades do sistema científico e tecnológico e preparem “uma nova década de crescimento nos mercados externos”.

Com um orçamento de 80 milhões de euros, o projeto BioShoes4All será dividido em cinco pilares – Biomateriais, Calçado Ecológico, Economia Circular, Tecnologias Avançadas de Produção e Capacitação e Promoção, tendo como objetivo “garantir uma base produtiva nacional resiliente para posicionamento no mercado internacional no qual a inovação, a diferenciação, a resposta rápida e eficaz, o serviço, a qualidade dos produtos, a capacitação e a promoção serão argumentos competitivos que nos permitirão ser superiores à concorrência”.

O FAIST, com uma dotação orçamental de 60 milhões de euros, quer “aumentar o grau de especialização da indústria portuguesa de calçado para novas tipologias de produto” e potenciar “a capacidade de oferta das empresas portuguesas de calçado através do reforço da capacidade de fabricar médias e grandes encomendas, utilizando processos de montagem mais eficientes”.

São 140 milhões de euros para investir nos três próximos anos, através do Cluster do Calçado e Moda, com o desígnio de impor o sector como “a referência internacional no desenvolvimento de soluções sustentáveis”, reforçando as exportações alicerçadas numa base produtiva nacional altamente competitiva, fundada no conhecimento e na inovação”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mmcardoso@expresso.impresa.pt

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