Economia

Empresa suíça investe até 130 milhões de euros em projeto residencial no Barreiro

D.R.
D.R.

É o quinto projeto da Solid Sentinel em Portugal e o CEO, Alain Gross, garante que os preços serão “40% a 50% mais baratos que em Lisboa”. Os primeiros 127 apartamentos ficam prontos daqui a dois anos

Depois de quatro projetos residenciais na zona da Avenida da Liberdade e das Avenidas Novas, em Lisboa, a promotora imobiliária suíça Solid Sentinel virou-se para a outra margem do rio Tejo, mais precisamente para o Barreiro. É aí, a cinco minutos a pé da estação de barcos que faz a ligação ao Terreiro do Paço, que vai nascer o Nooba, um empreendimento com 518 apartamentos, distribuídos por nove edifícios de seis e sete andares, e que representa um investimento total de 110 a 130 milhões de euros.

“Queríamos fazer casas acessíveis para os portugueses, mas não encontrámos nada em Lisboa e então virámos-nos para a outra margem e descobrimos este terreno no Barreiro”, conta o CEO (presidente executivo) da empresa, Alain Gross, aludindo aos preços elevados dos terrenos na cidade de Lisboa, que impossibilitam a construção de casas com preços mais acessíveis.

Aliás, para o arquitecto Miguel Saraiva, responsável pelo desenho do projeto, “não é possível fazer apartamentos com estas áreas [60 a 270 metros quadrados] e a estes preços em Lisboa”. Ou seja, conforme explicou Alain Gross esta terça-feira, na apresentação do projeto, “com preços 40% a 50% mais baixos do que os que se encontram em Lisboa”.

De facto, o preço dos T1 começará nos 189 mil euros, o que compara com os mais de 200 mil euros que são pedidos pela mesma tipologia em muitos dos novos empreendimentos que estão a ser feitos na Grande Lisboa, por exemplo, junto ao Parque das Nações ou em Miraflores. Mas um T2 já rondará os 300 a 390 mil euros, um T3 ficará entre os 400 e os 470 mil euros, e o T4 entre os 480 e os 500 mil euros. A justificar os valores estarão, além da já referida vantagem das áreas mais amplas, o facto de o empreendimento ter, num dos edifícios, um terraço com piscina e uma pista de atletismo de 200 metros de acesso livre para todos os moradores.

Há ainda alguns T5, um dos quais ficará no topo de um dos edifícios e será um duplex com um terraço de 280 metros quadrados e uma piscina, esta privada, e que custará 1,3 milhões de euros. “É a jóia da coroa”, comentou Alain Gross.

Estes serão os valores a praticar nos primeiros apartamentos a serem feitos e cuja construção arranca já em maio deste ano, para estarem concluídos num prazo de “24 meses”, explicou o CEO da empresa suíça. No total, nesta primeira fase do empreendimento, serão edificados 127 apartamentos em dois edifícios – um deles o que terá a piscina no terraço – num investimento de 35 milhões de euros.

O desenvolvimento do restante empreendimento prolongar-se-á depois por mais uns seis a sete anos, sendo que está prevista a construção de 70 apartamentos na segunda fase, de mais 126 na terceira, 139 na quarta fase e, por fim, 28 apartamentos em cada uma da quinta e sexta fase. “Não estamos aqui para fugir”, disse Alain Gross, acrescentando que a empresa tem planos para continuar a investir no Barreiro. “Neste momento é a prioridade. Tem aqui muitas possibilidades”, disse.

Para o vice-presidente da Câmara do Barreiro, Rui Braga, que também esteve na apresentação, o Nooba vai ser um ponto de partida para atrair mais investimento privado na cidade e, por isso, a autarquia está a desenvolver medidas de apoio a esse investimento, nomeadamente algumas isenções. A construção de um novo centro de saúde e de uma Loja do Cidadão e ainda as obras de requalificação da frente ribeirinha que a câmara tem levado a cabo nos últimos anos são também outras das formas que a câmara encontrou para chamar o investimento.

Só falta agora a Soflusa “melhorar a qualidade de serviço”, disse Rui Braga, lembrando que, apesar de os barcos “serem bons, terem uma grande capacidade, para 600 pessoas e terem uma frequência de cinco em cinco minutos”, é preciso resolver “os conflitos da empresa que depois originam greves” e diversificar os horários, alargando-os durante o período da noite. “Nas horas de ponta temos barcos de 600 lugares com 30 passageiros. Temos de ter mais frequência à noite e barcos taxi”, sugeriu.  

Este projeto vai também ajudar a quebrar o preconceito que ainda existe com o Barreiro, fruto da herança industrial da Quimiparque, diz o arquitecto Miguel Saraiva. “O estigma está a perder-se com as novas gerações”, disse. Aliás, quando Alain Gross descobriu este terreno vazio ficou admirado com esse estigma, porque não há muitos locais com aquela vista de rio e sobre a cidade, perto das praias da Costa da Caparica e a 16 minutos de barco de Lisboa.

“Não sabia que a gente de Lisboa tinha um preconceito com o Barreiro”, comentou. Recorde-se que, como referido em cima, desde que entrou em Portugal, em 2014, a Solid Sentinel desenvolveu quatro projetos, todos eles no centro de Lisboa (Vale Pereiro, Actor Tasso, Viriato e Desterro), num total de 57 apartamentos.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate