Guerra: Viniportugal reorganiza campanha de promoção internacional
Verbas destinadas para promover vinhos portugueses na Rússia e na Ucrânia vão ser direcionadas para a América
Verbas destinadas para promover vinhos portugueses na Rússia e na Ucrânia vão ser direcionadas para a América
A Rússia e a Ucrânia eram dois mercados na mira da Viniportugal para impulsionar as exportações de vinhos portugueses. A estratégia de internacionalização do sector, com 8,3 milhões de euros destinados à promoção internacional em 20 países, em 2022, está, agora, “a ser reprogramada” devido ao conflito a leste, de forma a desviar a fatia destinada a estes dois países para o continente Americano, onde o objetivo é reforçar a aposta nos EUA, Canadá e Brasil.
“Estes países são a nossa grande aposta para ações de impacto imediato que possam compensar quebras nas vendas para a Rússia e a Ucrânia. Estamos agora a escolher as ações alternativas para entrarmos”, adianta ao Expresso Frederico Falcão, presidente da Viniportugal.
Em causa estão verbas modestas, na ordem dos 120 mil euros, divididos entre a Rússia e a Ucrânia de forma desigual, uma vez que o mercado russo devia absorver o dobro do valor do país que invadiu. Mas era um investimento considerado “crucial para fomentar a penetração dos vinhos portugueses nos dois mercados”, precisa Frederico Falcão, sublinhando que a Rússia, apesar de ser o 17º cliente de Portugal, com compras de 10 milhões de euros em 2021, “estava a crescer” e tinha já no país o seu sexto fornecedor.
Já a Ucrânia, era uma descoberta recente dos vinhos portugueses, que investiram pela primeira vez neste mercado no ano passado e conseguiram entrar com um preço médio por litro de 3,18 euros, acima da média nacional (2,82 euros/litro).
A visita de compradores russos à Península de Setúbal, Lisboa, Região dos Vinhos Verdes, Douro e Alentejo, agendada para o início de março, como tinha referido ao Expresso numa altura em que a ação já estava em dúvida devido à evolução do conflito, ficou definitivamente comprometida, tal como outros eventos previstos para os dois países.
Como alternativa, a Viniportugal aposta, agora, em ações de aproximação aos consumidores de “três mercados prioritários”, para onde tem canalizado uma fatia substancial do investimento na promoção dos vinhos portugueses e que, este ano, iriam já receber cerca de 3 milhões de euros, distribuídos entre os EUA (1,33 milhões de euros), Canadá (900 mil euros) e Brasil (865 mil).
“É uma abordagem em que em vez de privilegiarmos novos mercados em absoluto, apostamos em chegar a novos mercados ou públicos dentro de mercados onde já estamos”, explica Frederico Falcão, indicando como exemplo do novo rumo uma ação de venda direta ao consumidor no Canadá por onde passam cerca de 13 mil pessoas.
“Com esta aproximação direta ao consumidor em mercados onde já trabalhamos na promoção dos vinhos portugueses, acreditamos poder conseguir resultados de forma mais imediata”, justifica.
Em 2021, um ano recorde para as exportações dos vinhos portugueses, que viram as vendas ao exterior crescer 8,11%, para os 925 milhões de euros, os Estados Unidos consolidaram a sua posição como segundo maior mercado, atrás da França, com compras de 104,3 milhões de euros (+13,1%) e um preço médio por litro de 3,79 euros. O Brasil ocupou o oitavo lugar no ranking dos maiores clientes de Portugal, com compras de 73,7 milhões de euros (+8,65%) e um preço médio por litro de 2,26 euros, e o Canadá ficou em oitavo lugar, com 50,4 milhões de euros (+1,36%) e um preço médio por litro de 3,84 euros.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt