Economia

Petróleo ultrapassa os 100 dólares com ataque russo à Ucrânia

24 fevereiro 2022 8:04

Foto: Getty Images

A perspetiva de um conflito direto entre a Rússia e a NATO está a dar um forte impulso nos preços dos barris de crude, em máximos de mais de sete anos

24 fevereiro 2022 8:04

O barril de Brent, referência para o mercado europeu, ultrapassou a barreira dos 100 dólares esta quinta-feira pela primeira vez desde setembro de 2014, disparando mais de 3% durante a madrugada depois do início da operação militar russa na Ucrânia.

Na manhã desta quinta-feira, os futuros do barril de Brent negociavam em alta de 5,6% nos 102 dólares, ao passo que o barril WTI, referência para os Estados Unidos, registava uma subida de 5,5% para os 97 dólares por barril.

A possibilidade de sanções à Rússia que poderão ter um forte impacto económico global e a existência de perturbações na produção e distribuição de petróleo estão a dar um forte impulso nos preços dos barris de crude. Isto num mercado já muito afetado, do lado da oferta, pela pandemia da covid-19, que obrigou a paragens na produção de crude e à quebra de reservas.

Na terça-feira, o Brent já se tinha aproximado perigosamente dos 100 dólares, marca que não atingia desde setembro de 2014 com o agravamento das tensões. E, de acordo com os analistas ouvidos pelo Expresso, os preços deverão manter-se acima dos 100 dólares se o conflito implicar uma invasão em larga escala da Ucrânia – e não só das regiões separatistas – com envolvimento da NATO.

A saída do petróleo russo dos mercados ocidentais irá igualmente ter efeitos nas taxas de inflação, atualmente em máximos de várias décadas nas economias dos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, entre outras, principalmente devido ao encarecimento da energia e ao impacto que tem em toda a cadeia de produção.

Na quinta-feira de madrugada, começou a invasão russa da Ucrânia com ataques aéreos a várias cidades, visando alvos quer militares quer civis, com Vladimir Putin, o presidente russo, a alertar o Ocidente de que em caso de interferência estrangeira, a Rússia agirá imediatamente“, defendendo que não quer ocupar a Ucrânia, mas sim “desmilitarizar e desnazificar, uma retórica que tem o seu contraponto na condenação unânime, da parte dos líderes ocidentais, desta invasão ordenada por Moscovo.

Numa publicação conjunta no Twitter, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen disseram que iam “pedir contas ao Kremlin” depois do início dos ataques: “Condenamos veementemente o ataque injustificado da Rússia à Ucrânia. Nestas horas escuras, os nossos pensamentos estão com a Ucrânia e as mulheres, homens e crianças inocentes que enfrentam este ataque não provocado e temem pelas suas vidas”. Esta quinta-feira reunir-se-ão os líderes dos países do G7, o Conselho Europeu, e a NATO na sequência dos desenvolvimentos da madrugada.