Economia

Portugal gastou 10,99 mil milhões de euros em tecnologia em 2021. Em 2022 deverão ser 11,6 mil milhões

Foto: Getty Images
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O segmento do consumo representa 35% dos gastos, e a Administração Pública 21%. Empresas aproveitaram pandemia para acelerar transformação digital, segundo a consultora IDC

As empresas, as entidades estatais e os consumidores portugueses investiram um total de 10,998 mil milhões de euros em tecnologia durante 2021, estima a consultora IDC. A estimativa aponta para um crescimento de 7,8% face a 2020, mas tudo leva a crer que o reforço de investimentos vai prosseguir.

Segundo a empresa especializada na análise de mercados, em 2022, o mercado português deverá registar um investimento total de 11,6 mil milhões de euros em tecnologia. O que reflete um crescimento de 5,7% dos valores despendidos face a 2021.

A IDC estima que o segmento de consumo tenha representado 35% dos gastos em tecnologia, enquanto o segmento da Administração Pública foi responsável por 12% desse bolo total. O que significa que, em 2021, os consumidores terão sido responsáveis por um gasto total de 3,8 mil milhões de euros, enquanto a Administração Pública terá desembolsado cerca de 1,3 mil milhões de euros. As empresas foram responsáveis por 53% dos gastos em tecnologia – um total estimado em 5,8 mil milhões de euros.

“Em 2020, registou-se um crescimento residual dos investimentos em tecnologias porque a pandemia afetou sectores muito importantes da economia portuguesa, como o turismo ou a restauração. Mas em certas áreas já havia a perceção de que a digitalização era importante para garantir maior resiliência do negócio. Em 2021, já quase todos os sectores estavam a investir em tecnologias da informação e da comunicação (TIC) para lançar novos canais comerciais, ou suportar o trabalho remoto”, explica Gabriel Coimbra, diretor-geral da IDC em Portugal.

A pandemia fomentou a corrida à digitalização, mas houve mais fatores a ditarem as modas, como é o caso da denominada “transformação digital”.

Gabriel Coimbra distingue o investimento em tecnologia, que incide em equipamentos e software que se limitam a manter o negócio em funcionamento, do investimento em ferramentas que garantem a transformação digital. “A transformação digital tem por base tecnologia que permite mudar modelo de negócio, gestão de operações, ou relações com clientes”, explica.

Na transformação digital, figuram tecnologias que têm maior potencial disruptivo, como o armazenamento e processamento de dados na Internet (cloud computing), a Internet das Coisas, a robótica, ou a impressão 3D (de objetos). Segundo a IDC, a adoção destas tecnologias que fomentam a transformação digital tem vindo a crescer a um ritmo de dois dígitos nos últimos dois anos. Este valor contrasta de sobremaneira com a quebra de 5% nos segmentos das tecnologias mais tradicionais, que contemplam a venda de servidores ou computadores de secretária.

“Há uma alteração muito significativa. Grande parte dos investimentos passaram a recair sobre o desenvolvimento de novos modelos de negócio. Antes desta tendência, os investimentos em tecnologias estavam muito ligados à automatização, mas agora a aposta passa pela transformação digital”, descreve Gabriel Coimbra.

Durante 2021, os investimentos em tecnologias que fomentam a transformação digital foram responsáveis por 68% dos gastos totais levados a cabo pelas diferentes organizações portuguesas. Em 2025, prevê-se que o investimento nestas ferramentas digitais disruptivas possa superar 75% do investimento total, que deverá chegar a 13 mil milhões de euros no que toca à soma de investimentos realizados por empresas, entidades públicas e consumidores.

Gabriel Coimbra não tem dúvidas de que há uma corrida às tecnologias, que fomentou a escassez de componentes e equipamentos inteiros, mas considera que o maior desafio que se põe às empresas portuguesas provém da falta de mão de obra especializada. As estimativas da IDC apontam para que em 2025 a economia europeia depare com mais de 1,15 milhões de vagas de empregos da área das tecnologias por preencher. A escassez de profissionais habilitados deverá afetar 90% das empresas em Portugal até 2025.

“Deveríamos ter como desígnio nacional criar condições para o aumento do número de profissionais com o lançamento de mais cursos profissionais e do ensino superior nas áreas das tecnologias, mas também temos de conseguir atrair e reter recursos humanos (vindos do estrangeiro). E isso também pode ser com a captação de centros de prestação de serviços ou dando maior dimensão ao empreendedorismos e a startups inovadoras”, conclui.

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