A gestora Alexandra Reis, que tinha subido à Comissão Executiva da TAP na sequência da saída do acionista privado David Neeleman e se manteve na nova equipa, interrompeu o seu mandato sete meses depois de ter tomado posse. Ainda não tem substituto.
Alexandra Reis foi escolhida pelo Governo para a comissão executiva da TAP como administradora interina da transportadora aquando da saída de David Neeleman do capital da companhia portuguesa, em meados de 2020, e manteve-se na equipa de Christine Ourmiéres-Widener (a atual presidente executiva). Tinha a seu cargo áreas relevantes, como as compras, os recursos humanos e a informática.
A sua saída foi anunciada sexta-feira à noite, com efeitos a partir de 28 de fevereiro, e causou surpresa dentro da TAP, uma vez que a gestora tinha vindo a acumular poder desde que subiu à administração, apesar de recentemente ter perdido a frota. Tinha também há cerca de dois meses recrutado a nova equipa para a área dos recursos humanos, que passou a ser liderada por Ana Dionísio.
A justificação para a saída da Alexandra Reis é o facto de esta ter sido nomeada para a administração por anteriores acionistas da TAP, e que deixaram de estar representados. “Tendo sido nomeada pelos anteriores acionistas, e na sequência da alteração da estrutura societária da TAP, Alexandra Reis, vogal e membro do Conselho de Administração e Comissão Executiva da TAP, apresentou hoje [sexta-feira] renúncia ao cargo, decidindo encerrar este capítulo da sua vida profissional e abraçando agora novos desafios”, lê-se no comunicado enviado então à CMVM – Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
Embora o nome de Humberto Pedrosa não seja referido, é a ele que o comunicado se refere, já que o empresário, com o último aumento de capital, feito em dezembro, deixou de estar representado na TAP SA, ficando apenas com uma participação no capital da TAP SGPS.
É a segunda saída da Comissão Executiva da TAP, desde que em junho de 2021 a equipa liderada por Christine Ourmières-Widener tomou posse. A primeira foi de Weber Gameiro, o administrador financeiro da TAP, que saiu no início de outubro de 2021, não tendo tempo para aquecer o lugar, sendo substituído interinamente por Gonçalo Monteiro Pires, que ainda se mantém no cargo.
No comunicado enviado à CMVM, a TAP agradece a Alexandra Reis “todo o serviço prestado, numa altura particularmente desafiante para a companhia, e deseja-lhe as maiores felicidades pessoais e profissionais para o futuro”.
Alexandra Reis, juntamente com o antigo diretor de recursos humanos, Pedro Ramos (afastado por causa de um polémico vídeo de uma ida a Madrid para recrutar um novo quadro para a companhia), foi um dos principais rostos da dolorosa reestruturação da companhia, que levou à saída de cerca de três mil trabalhadores. E foi uma das visadas pelas críticas dos trabalhadores à forma como o processo de rescisões foi conduzido, usando um algoritmo criado pela consultora BCG.
Alexandra Reis, afirma fonte oficial da TAP, em resposta ao Expresso, será substituída na “devida altura”. Mas admite-se que no curto prazo. Para já as suas funções serão repartidas pela Comissão Executiva, que, além de Christine Ourmières-Widener e Gonçalo Pires, conta também com Ramiro Sequeira e Sílvia Mosquera.
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