Economia

Acionista da EDP, a abastada família Masaveu vê um dos seus membros transferir a fortuna de Oviedo para Lisboa

Acionista da EDP, a abastada família Masaveu vê um dos seus membros transferir a fortuna de Oviedo para Lisboa
Getty Images

O empresário asturiano Luís Masaveu deslocalizou para Portugal o seu património, mais de 200 milhões de euros. E é em Portugal que a família Masaveu tem um dos seus ativos mais valiosos, uma participação na EDP

Os Masaveu são uma das famílias mais ricas de Espanha, com um património estimado em 2 mil milhões de euros, e negócios que vão da indústria ao vinho, passando pelo imobiliário e pela arte. E no meio disso tudo também têm uma participação indireta de 4% na EDP. Mas um dos membros da família, Luís Masaveu Herrero, decidiu trocar Espanha por Portugal e transferir o seu quinhão da fortuna para Portugal: são mais de 200 milhões de euros.

Luís Masaveu Herrero constituiu em Lisboa a 23 de dezembro de 2021 a Luís Masaveu Capital Unipessoal, uma operação resultante da redomiciliação da sociedade Masaveu Capital SL, que deixou de ter a sua sede em Oviedo para passar a estar na capital portuguesa, no número 129 da Avenida da Liberdade. Luís Masaveu é o único detentor de capital da nova sociedade. A sua quota vale 211,9 milhões de euros.

O empresário espanhol, licenciado em Direito pela Universidade de Navarra, parece ter-se mudado de armas e bagagens para Portugal. Embora no registo da empresa portuguesa tenha dado como endereço de residência uma morada em Madrid, uma atualização ao registo da mesma sociedade, publicada já em janeiro e consultada pelo Expresso, dá conta de que Luís Masaveu Herrero tem agora morada na Quinta da Marinha, em Cascais.

Segundo escreveu há dias a agência Europa Press, Luís Masaveu adquiriu nacionalidade portuguesa. O empresário asturiano já viverá em Portugal há alguns meses, pois em agosto do ano passado o jornal espanhol “ABC” já dava conta de que Luís Masaveu tinha residência em Portugal.

Os dados recolhidos pelo Expresso indicam que Luís Masaveu está ligado a outras três empresas em Portugal: a Grow UPAC (como administrador) e a Estoril Place Investimentos e a Principado de Investimentos Unipessoal (como gerente).

A histórica ligação dos Masaveu à EDP

A Masaveu Capital, agora deslocalizada para Lisboa, e renomeada Luís Masaveu Capital Unipessoal, surge como integralmente detida por Luís Masaveu, e juridicamente separada da Masaveu Internacional SL, que é o braço através do qual a Corporación Masaveu tem uma participação na EDP.

A Masaveu Internacional detém 55,9% da Oppidum Capital (os restantes 44,1% são do Liberbank), que é o terceiro maior acionista da EDP, com 7,2%, apenas atrás da China Three Gorges (19,03%) e da Blackrock (7,38%). Essa posição dá à família Masaveu uma posição indireta na EDP de 4,03%, que valerá cerca de 712 milhões de euros, tendo em conta a atual capitalização bolsista da EDP (17,79 mil milhões de euros).

Os dados reportados pela EDP indicam que o controlo da Corporación Masaveu pertence a Fernando Masaveu Herrero, o irmão mais velho de Luís Masaveu. O Expresso contactou a Corporación Masaveu para tentar saber se existe algum plano similar de deslocalização da sede para Portugal, mas não obteve ainda uma resposta.

Fernando Masaveu, 55 anos, é um dos mais antigos membros do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, para o qual entrou em fevereiro de 2012, fruto da participação qualificada que a sua família tem na elétrica portuguesa.

Essa participação começou a ser construída há quase 20 anos. Em 2004 a família Masaveu adquiriu 0,7% da EDP por 50 milhões de euros. Nos anos seguintes reforçou essa participação e em 2013 juntou-a à do Liberbank, numa aliança que perdura até hoje.

De resto, a ligação da EDP às Astúrias é estreita: embora tenha escritórios em Madrid, a elétrica portuguesa continua a ter a sua sede espanhola em Oviedo.

Luis Masaveu, o mais novo de cinco irmãos (Fernando é o mais velho), decidiu agora trocar Oviedo por Lisboa (e Cascais). E, de acordo com a legislação em vigor, deverá entrar diretamente para a lista da unidade dos grandes contribuintes da Autoridade Tributária (AT), a “divisão de elite” do Fisco para monitorizar as grandes empresas e contribuintes singulares com património superior a 5 milhões de euros ou rendimentos anuais acima dos 750 mil euros.

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