Economia

António Horta-Osório demite-se do Credit Suisse

17 janeiro 2022 7:09

António Horta-Osório. Foto: Credit Suisse

O gestor português, que assumiu a presidência não executiva do Credit Suisse em abril do ano passado, apresentou a sua demissão, reconhecendo que “algumas ações pessoais” criaram problemas no banco

17 janeiro 2022 7:09

O presidente não executivo (chairman) do Credit Suisse, o português António Horta-Osório (na foto), demitiu-se da liderança da instituição financeira com sede em Zurique, anunciou esta segunda-feira o banco em comunicado, indicando que a decisão de Horta-Osório tem efeito imediato.

“O conselho de administração nomeou Axel P. Lehmann como chairman do banco com efeito imediato. Sucede a António Horta-Osório, que se demitiu na sequência de uma investigação solicitada pela administração. Sob a liderança de Axel Lehmann, o conselho de administração e a equipa executiva continuarão a executar a estratégia do Credit Suisse, promovendo a transformação do banco”, pode ler-se no comunicado.

“Trabalhei arduamente para recolocar o Credit Suisse num caminho de sucesso, e estou orgulhoso do que conseguimos juntos na minha curta passagem pelo banco. O realinhamento estratégico do Credit Suisse garantirá um foco claro no fortalecimento, simplificação e investimento para crescer”, comentou António Horta-Osório no mesmo comunicado.

“Estou convencido de que o Credit Suisse está bem posicionado hoje e no caminho certo para o futuro. Lamento que algumas das minhas ações pessoais tenham conduzido a dificuldades para o banco e comprometido a minha capacidade de representar o banco interna e externamente. Acredito, por isso, que a minha demissão é no interesse do banco e das suas partes envolvidas neste momento crucial. Desejo aos meus colegas no Credit Suisse todo o sucesso no futuro”, acrescenta o gestor português, que antes do Credit Suisse tinha passado vários anos pela liderança do britânico Lloyds.

A investigação que o Credit Suisse iniciou, em relação a Horta-Osório, estará relacionada com o facto de o gestor ter violado as regras suíças de quarentena relacionadas com a pandemia de Covid-19 em dezembro, ao deslocar-se a Portugal poucos dias depois de ter dado entrada na Suíça, sem cumprir o mínimo de 10 dias de quarentena. Horta-Osório terá igualmente incumprido o período de isolamento em julho, quando viajou a Londres para assistir ao torneio de ténis de Wimbledon, segundo a agência Reuters.

O vice-presidente do Credit Suisse, Severin Schwan, disse respeitar a decisão de Horta-Osório. “Devemos-lhe uma gratidão considerável pela sua liderança na definição de uma nova estratégia, que continuaremos a implementar nos próximos meses e anos”, afirmou Schwan no mesmo comunicado.