A bitcoin é chamada “ouro digital” pelos adeptos da criptomoeda pela escassez artificial criada pelo próprio mecanismo de produção das bitcoins: a mineração que vai exigindo cada vez mais esforço computacional, com a correspondente fatura energética, com rendimentos cada vez mais diminutos, e com um tecto máximo de 21 milhões de bitcoins. Para pagamentos é uma moeda altamente ineficiente, demorando cerca de 10 minutos a processar uma transação. Porém, numa altura em que até os investidores institucionais embarcaram na corrida às criptomoedas, e numa época de aumento dos preços nas economias mundiais, a cripto-rainha ganha um novo apelo como ativo de reserva de valor.
Uma nota do analista Zach Pandl citada pela “Bloomberg” considera que a bitcoin irá continuar a canibalizar o ouro e roubar-lhe quota de mercado. Por isso, considera possível que o preço de uma bitcoin, atualmente perto dos 46 mil dólares (cerca de 40 mil euros), poderá alcançar os 100 mil dólares (89 mil euros) nos próximos cinco anos com uma rendibilidade anual de 17% ou 18%. Isto se a quota da bitcoin no mercado da reserva de valor aumentar para os 50% até 2026.
O co-diretor global de estratégia de câmbio e de mercados emergentes da Goldman Sachs calcula que a capitalização da bitcoin ajustada às moedas efetivamente, e potencialmente, em circulação está ligeiramente abaixo dos 700 mil milhões de dólares (620 mil milhões de euros), ou cerca de 20% do mercado de reserva de valor. O restante diz respeito ao ouro, com uma quota de 2,6 biliões de dólares (2,3 biliões de euros).
A bitcoin teve uma valorização a rondar os 60% no ano 2021. Apesar de muito abaixo das rendibilidades de criptomoedas como a Ether ou a Cardano, que valorizaram acima dos 200% e 400%, respetivamente, foi um investimento que conseguiu um retorno muito superior a grande parte dos investimentos tradicionais. E superou o investimento em ouro, que sofreu uma desvalorização perto dos 4% em 2021 no preço da onça.
Texto: Pedro Carreira Garcia
Foto: Getty Images
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