O presidente Xi Jinping disse que "as casas são para viver-se nelas, e não para especular" e o Governo chinês tem agido em conformidade no combate à especulação imobiliária no país, a produzir resultados catastróficos como o da falida Evergrande e de outras promotoras chinesas. Esta tempestade num setor encarado pelos cidadãos chineses como alvo de investimento preferencial provocou uma queda dos preços na habitação, algo muito raro.
Tendo as casas perdido o seu papel de reserva de valor (por agora), na China estão a virar-se para os bens de luxo como relógios, noticia o "Financial Times" desta quarta-feira. De acordo com especialistas ouvidos pelo jornal, as importações de relógios suíços subiram 40% de janeiro a outubro, em contraciclo com o desempenho económico da China, em abrandamento.
As vantagens dos relógios: o potencial de valorização e de proteção contra a inflação, o estatuto e a portabilidade, tornando-se fácil escapar às limitações de circulação de capitais entre países. Na China, é proibido enviar remessas equivalentes a mais de 44 mil euros anuais para o exterior.
De acordo com um inquérito feito junto de 1500 cidadãos chineses maiores de idade com rendimentos anuais acima dos 500 mil yuans (cerca de 70 mil euros), 88% disse querer manter os gastos, ou até gastar mais, em relógios de luxo, nos 12 meses seguintes, diz o "Financial Times".
Um relógio Rolex, ou Patek Philippe, custa em média 76.700 yuans, mais de 10 mil euros. O que faz com que não haja relógios suficientes nas lojas chinesas para suprir a procura, dizem os autores do estudo. Nem os relógios em segunda mão escapam à procura, tendo estes registado subidas de preços (que vão até cinco vezes mais) em plataformas na Internet.
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