Embora tenha havido uma retoma do setor da aviação no verão de 2021 - visível no aumento do número de passageiros transportados - , e os prejuízos da companhia aérea tenham recuperado nos primeiros nove meses do ano, a TAP mantém perdas acima das seis centenas de milhões de euros.
A companhia apresentou um resultado líquido negativo de 627,6 milhões de euros acumulados até setembro de 2021, contra 700,6 milhões de euros no período homólogo de 2020. Não obstante, os resultados do terceiro trimestre (de julho a setembro) acabaram por ser mais negativos este ano do que no ano passado: -134,5 milhões de euros de julho a setembro de 2021, contra - 118,7 milhões no período homólogo de 2020. Foram também mais negativos que no segundo trimestre de 2021, período em que se situaram nos 128,1 milhões de euros negativos.
A TAP viu o número de passageiros crescer 127% no terceiro trimestre face ao segundo trimestre, totalizando entre julho e setembro 2,107 milhões. Ainda assim nos primeiros nove meses deste ano, a TAP transportou menos 434 mil passageiros do que no período homólogo: 3,428 milhões em setembro de 2021, contra 3,862 milhões em setembro de 2020. De notar, que o Brasil, que representa 20% das vendas, só abriu as fronteiras a 1 de setembro, mas ajudou à recuperação.
“A abertura das fronteiras nos principais mercados da TAP está refletida na sua performance financeira dando-nos o primeiro sinal de uma recuperação lenta de um período difícil e desafiante para a indústria da aviação, para a companhia e para os seus stakeholders. Estamos cautelosamente confiantes que esta tendência será sustentável e que será refletida na situação financeira da TAP”, afirmou Christine Ourmières-Widener, a presidente da TAP, num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A transportadora, que já recebeu 1.642 milhões de euros de ajuda pública, tem assegurado que não tem problemas de tesouraria. E explicíta que a 30 de setembro de 2021 tinha uma posição de caixa de 397,6 milhões de euros. À mesma data apresentava uma dívida financeira bruta (excluindo passivos de locação sem opção de compra) de 2,7 mil milhões de euros, valor que inclui a injeção pública de 1,2 mil milhões de euros, feita em 2020. Os empréstimos bancários ascendem a 950 milhões de euros.
As receitas operacionais ascenderam a 826,8 milhões de euros até setembro, uma pequena quebra de 1,7% quando comparado com o mesmo período de 2020, diz a TAP. Um recuo que resulta do decréscimo das receitas de passageiros no montante de 91,2 milhões de euros para 700 milhões de euros , menos 13% do que no trimestre homólogo. Quebra parcialmente compensada pelo segmento de carga e correio, que continua a crescer e ascendeu a 161,5 milhões de euros, um aumento de 81,9 milhões de euros face ao período homólogo (+102,8%)”.
Os custos operacionais recuaram 201,4 milhões de euros para 1,25 mil milhões de euros, o que resulta, explica a companhia, “maioritariamente da redução material na rubrica de depreciações e amortizações (-81 milhões de euros) e custos com operações de tráfego (-35,7 milhões de euros)”.
Apesar da reestruturação em curso - e de a TAP ter em setembro menos 1820 trabalhadores no ativo - , os custos com pessoal recuaram apenas 5,3% para 295 milhões em setembro de 2021 contra 311,7 milhões um ano antes. E a transportadora sublinha que apesar da diminuição de 114 colaboradores no terceiro trimestre, verificou-se "uma subida de 11,7% nos custos, que passaram de 90,4 milhões no final de junho de 2020 para 92,7 milhões em setembro. Aumento que resulta maioritariamente dos custos variáveis em resultado da recuperação da atividade".
"A maioria das saídas de colaboradores este trimestre foram voluntárias mas também já se verificaram saídas no contexto do despedimento coletivo que começou a 1 de setembro e terminou a 16 de outubro de 2021", diz a companhia. A TAP tinha em setembro 6.690 trabalhadores.
O EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) aumentou em 106 milhões de euros, mas mantém-se negativo em 75,2 milhões de euros. Mas no terceiro trimestre (de julho a setembro) foi positivo em 65,6 milhões de euros, a primeira vez após o início da pandemia.
Recorde-se que a TAP teve um prejuízo de 1,23 mil milhões de euros em 2020, ano de arranque da pandemia, doze vezes mais do que os 106 milhões de euros de prejuízo registados em 2019.