Economia

Preparados para melhorar o Portugal 2030? Discussão pública arranca esta segunda-feira

Nelson de Souza, ministro do Planeamento
Nelson de Souza, ministro do Planeamento

Novo cronograma do ministro do planeamento, Nelson de Souza, permite respeitar as eleições sem atrasar os fundos. Eis as grandes verbas que o novo governo irá fechar

É já a partir desta segunda-feira, dia 15 de novembro, que o governo vai submeter o Portugal 2030 a consulta pública no portal ConsultaLex.

Durante 15 dias, todos os cidadãos e demais entidades poderão contribuir com as suas opiniões e sugestões para melhorar o documento que estabelece as grandes prioridades para investir os €23 mil milhões de fundos do próximo quadro comunitário entre 2021 e 2029.

A Comissão Europeia tem anunciado o montante de €24 mil milhões de fundos da coesão para Portugal. Se o valor do Portugal 2030 baixa para €23 mil milhões é porque já está deduzido das transferências para outros programas europeus que o país também pode aproveitar, caso do Mecanismo Interligar Europa e da Cooperação Territorial.

Para melhor perceberem onde os fundos comunitários podem ser aplicados nos próximos anos, os cidadãos vão poder aceder a dois documentos.

O ministério do planeamento conta divulgar um documento mais detalhado na ordem da centena e meia de páginas e uma apresentação em powerpoint compactada em metade das páginas com as linhas orientadoras do Acordo de Parceria Portugal 2030 a estabelecer entre Portugal e a Comissão Europeia.

Nelson de Souza, o ministro do planeamento, que coordena a aplicação no país dos diferentes tipos de fundos europeus apela a um nível de participação semelhante ao do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Iniciada a 15 de fevereiro de 2021, a consulta pública do PRR cedo bateu recordes, permitindo recolher mais de três mil propostas oriundas de perto de 1700 entidades e cidadãos em nome individual. “Foi uma consulta pública bem-sucedida”, diz Nelson de Souza, lembrando as melhorias incluídas na proposta submetida a Bruxelas na sequência desse debate.

Para onde vai o dinheiro?

Além da estratégia de investimento para o próximo ciclo de fundos comunitários, os cidadãos terão acesso à proposta de repartição das verbas pelos 12 programas operacionais do Portugal 2030 a aprovar em Bruxelas no próximo ano.

Eis os grandes números de acordo com a documentação já revelada ao longo da última semana aos partidos políticos:

  • Entre os programas regionais, destacam-se os €3,4 mil milhões para o Norte 2030, €2,2 mil milhões para o Centro 2030, €1,1 mil milhões para os Açores e o Alentejo 2030, cada;
  • Notícia já foi o facto de o governo ter conseguido aumentar a dotação do Algarve 2030 para €780 milhões, um aumento de 145% face ao atual quadro comunitário de modo a conseguir diversificar a sua estrutura produtiva além do turismo.
  • Bruxelas também ditou um corte de 53% no programa da região portuguesa mais desenvolvida: Lisboa 2030 só terá direito a €381 milhões. Mas permitiu aumentar a dotação do programa Madeira 2030 para €760 milhões – uma subida de 63% - graças a uma diferente metodologia quanto à zona franca que empolava o desenvolvimento económico da região autónoma.
  • Entre os programas temáticos, destacam-se os €5,7 mil milhões para a demografia e a inclusão e os €3,9 mil milhões para a inovação e transição digital. Para o programa dedicado ao Mar, estão reservados €379 milhões.
  • No confronto com o Portugal 2020, quem mais cresce é o programa temático para a sustentabilidade e as alterações climáticas. A sua dotação aumenta 42% para €3,1 mil milhões, sem contar com os milhões que cada programa regional dedicará a este desafio.

Negociar sem condicionar

Na última edição do Expresso, o ministro do planeamento, Nelson de Souza, explicou a solução encontrada para respeitar o sentido de voto das eleições antecipadas agendadas para 30 de janeiro de 2022 enquanto prossegue as negociações do Acordo de Parceria Portugal 2030 a firmar com a Comissão Europeia.

“Tendo o trabalho do Acordo de Parceria preparado, tínhamos duas opções: ou congelávamos o processo ou continuávamos sem condicionar a capacidade do novo governo intervir neste pacote de grande dimensão que ultrapassa a próxima legislatura”, disse o ministro Nelson de Souza na última edição do Expresso.

Daí a decisão de colocar já em consulta pública a proposta apreciada no Conselho de Ministros da última quinta-feira, após a audição dos partidos políticas e demais entidades como o Conselho de Concertação Territorial.

“Depois do debate concluído, podemos até entregar a proposta na Comissão Europeia, mas nunca iremos celebrar o Acordo de Parceria”, explica Nelson de Souza. “É um bom compromisso entre não atrasar os fundos e não condicionar as opções do futuro governo”.

“Nenhum partido político discordou deste calendário e desta opção do governo”, assegurou o governante.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: economia@expresso.impresa.pt

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