Economia

Leilão do 5G chegou finalmente ao fim. Estado arrecada 566,8 milhões

João Cadete de Matos, presidente da Anacom
João Cadete de Matos, presidente da Anacom
Ana Baião

Foi um longo processo, com direito a críticas diretas do primeiro-ministro, protesto dos operadores e mudanças de modelo a meio do jogo. Esta quarta-feira o leilão do 5G completou 201 dias de licitação na fase principal

Leilão do 5G chegou finalmente ao fim. Estado arrecada 566,8 milhões

Anabela Campos

Jornalista

Chegou esta quarta-feira ao fim o leilão da quinta geração de rede móvel. Esta fase principal do leilão durava desde 14 de janeiro, há nove meses. O Estado vai arrecadar 566,8 milhões de euros, praticamente o dobro do que se previa inicialmente - a reserva de espectro foi fixada em 238 milhões de euros. A NOS foi quem comprou mais espectro. A Vodafone, a MEO, a Nowo (MásMóvil), a Dense Air e a Dixarobil (da Digi Spain Telecom) também compraram espectro.

"Terminou hoje a fase de licitação principal do Leilão 5G e outras faixas relevantes após 1727 rondas, e consequentemente concluiu-se a fase de licitação do leilão, tendo sido apurados os resultados constantes da tabela abaixo, incluindo os da fase de licitação para novos entrantes (44 rondas)", lê-se num comunicado divulgado pela ANACOM.

A NOS foi quem comprou mais espectro e investiu mais: 165 milhões de euros. A Vodafone investiu 133,2 milhões de euros e a MEO 125 milhões. Para a Nowo o investimento em compra de espectro foi de 70 milhões de euros. A Dixarobil investiu 67 milhões de euros e a Dense Air 5,7 milhões de euros.

Agora, explica o regulador liderado por João Cadete de Matos, o leilão prossegue com as fases de consignação e atribuição dos direitos de utilização aos operadores. "Um processo que inclui a audiência prévia dos candidatos e licitantes e decisão final do Conselho de Administração da ANACOM.


A segunda fase da venda de frequências foi bastante polémica, com ações judiciais e protestos permanentes dos grandes operadores, a Meo, Nos, Vodafone. E envolveu mesmo a mudanças das regras do leilão duas vezes, para acelerar um processo que se arrastou por cerca de nove meses, e fez com que Portugal fosse um dos dois países da União Europeia sem oferta comercial do 5G - o outro é a Lituânia. A última mudança às regras do leilão impedia licitações abaixo de 5%, pondo fim às licitações de 1% e 3%. Foi uma forma da ANACOM reconhecer que o leilão precisava de ajustes.

A primeira fase do leilão, exclusiva para novos entrantes, começou a 22 de dezembro de 2020 e terminou a 11 de janeiro deste ano. E vai haver novos concorrentes no mercado. Esta fase do leilão permitiu arrecadar 84 milhões de euros.

Uma das críticas mais duras ao atraso do leilão e do 5G chegou na semana passada pela voz do primeiro-ministro, que visou diretamente o regulador. “Estamos todos de acordo: o modelo de leilão que a Anacom inventou é, obviamente, o pior modelo de leilão possível, nunca mais termina e está a provocar um atraso imenso no desenvolvimento do 5G em Portugal”, acusou António Costa.

O primeiro ministro juntava assim a sua voz de protesto à dos operadores, que ao longo do últimos meses foram pedindo a demissão de João Cadete de Matos, considerando-o responsável pelo atraso no 5G.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ACampos@expresso.impresa.pt

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